107 doentes com hepatite C curados através de programa de tratamento
Plataforma Hepatite satisfeita com resultados, mas alerta que medicamento não chega às prisões.
"Dos tratamentos finalizados, e após a necessária análise virológica efectuada 12 semanas depois, constatou-se que 107 doentes estavam curados e apenas 2 foram reportados como não curados", lê-se na informação do Infarmed, que desde esta quarta-feira está disponível no site do organismo. Na sequência deste anúncio, o porta-voz da Plataforma Hepatite C, António Parente, em declarações à TSF, disse que a taxa de sucesso do medicamento "é fabulosa".
"Os números são maravilhosos. Este medicamento é uma revolução, faço parte dos 95% dos doentes que negativaram. A taxa de sucesso deste medicamento é fabulosa. A luta valeu a pena. Há um esforço enorme dos hospitais para atingir estes números. É uma revolução", declarou António Parente, que é doente e porta-voz da Plataforma Hepatite.
Apesar de considerar os números muito positivos, António Parente deixou um alerta: nem tudo está a correr bem no universo das prisões relativamente a este problema.
"O acesso [ao tratamento] dos doentes que estão encarcerados é difícil. Claro que passa pelo Ministério da Justiça. Parece-me que há uma falta de comunicação, alguma lacuna em levar as pessoas. As pessoas têm de ir aos hospitais fazer os exames. Nós percebemos que não é fácil, é uma população onde a taxa é muito elevada", vincou.
Entretanto, os ministros da Justiça e da Saúde, Paula Teixeira da Cruz e Paulo Macedo, respectivamente, já anunciaram que têm a intenção de avançar com um rastreio junto da população prisional.
Também Isabel Pedroto, presidente da Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF), manifestou satisfação com os resultados. Em declarações à Lusa, a especialista disse que estes dados do Infarmed vêm demonstrar que se está "perante uma revolução no tratamento da doença", realçou, acrescentando que as perspectivas para o futuro "são animadoras".
Todavia, a responsável da APEF fez questão de lembrar que a maior parte dos tratamentos são prolongados (24 semanas) e que o doente só sabe se está curado 12 semanas após este ter terminado.
O hepatologista Rui Tato Marinho considerou que os 107 doentes com hepatite C curados através do novo programa de tratamento "são os primeiros a chegar à linha da meta" e uma "história de sucesso".
O programa para o tratamento da hepatite C foi anunciado pelo ministro da Saúde a 6 de Fevereiro. O acordo com a indústria farmacêutica, conseguido após meses de negociações e de exigências dos doentes, inclusivamente no interior do parlamento, prevê "o pagamento por doente tratado, e não por embalagem dispensada, e contempla todos os cerca de 13 mil doentes de hepatite C inscritos no Serviço Nacional de Saúde (SNS)".
"Com vista a assegurar o acesso equitativo dos doentes a estes novos tratamentos foi desenvolvido o programa da hepatite C, tendo sido criado no seu âmbito um portal para o registo anónimo de doentes e para a tramitação do tratamento, o qual está a permitir acompanhar e estudar a evolução de todos os casos", refere o Infarmed no comunicado divulgado esta quarta-feira.