Reitor de Coimbra quer uma secretaria de Estado para Ciência e Ensino Superior

João Gabriel Silva aponta o dedo à Fundação para a Ciência e Tecnologia e considera que a separação entre Ensino Superior e Ciência é negativa

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João Gabriel Silva apontou o dedo à Fundação para a Ciência e Tecnologia, por continuar "a promover a separação dos dois mundos [sistema científico e universidades] Adriano Miranda /Arquivo

"Deve haver uma só secretaria de Estado, simultaneamente para a Ciência e o Ensino Superior", sublinhou o reitor da Universidade de Coimbra (UC), que falava durante a abertura solene das aulas, que se realizou na manhã desta quarta-feira, na Sala dos Capelos.

Durante o discurso, João Gabriel Silva apontou o dedo à Fundação para a Ciência e Tecnologia, por continuar "a promover a separação dos dois mundos [sistema científico e universidades], algo que, por exemplo, a Comissão Europeia não faz, pois sabe que são as universidades os locais onde se materializam quase todos os grandes avanços do conhecimento".

A dicotomia entre esses dois mundos, universidade e ciência, "é negativa para Portugal e tem de ser alterada", exigiu, considerando que só as instituições de ensino superior "conseguem manter-se como instituições criativas por longos períodos de tempo".

No seu entender, a descoberta de conhecimento "é uma preocupação central dos reitores e suas equipas", não havendo razão "para se continuar a fomentar a existência de um sistema científico como um mundo separado das universidades, ao arrepio das melhores práticas internacionais", apontou o reitor.

O reitor da UC sublinhou ainda que a universidade está a "recuperar" a sua capacidade de recrutamento, sendo que as receitas adicionais que a instituição tem conseguido obter "conseguiram compensar os cortes decretados pelo Governo".

O presidente da Associação Académica de Coimbra, Bruno Matias, que também discursou no evento, constatou que o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, "relegou demasiadas vezes as matérias do Ensino Superior para segundo plano".

Um projeto de revisão do Regime Jurídico de Instituições do Ensino Superior (RJIES) inacabado, linhas orientadoras para a reforma do Ensino Superior que "nunca foram ao fundo da questão", a regulamentação da figura dos consórcios de universidades que "não passou de uma tentativa" e a "sistemática restrição financeira suportada" pelas instituições do Ensino Superior foram algumas das críticas que Bruno Matias frisou, salientando também "a incerteza dos orçamentos".

Para Bruno Matias, urge "repensar-se o sistema" do ensino superior na sua base, refletindo-se primeiramente "sobre o tipo e a quantidade de estabelecimentos".