Cientistas pediram autorização para editar ADN de embriões humanos
O objectivo dos cientistas britânicos é realizar uma série de experiências para perceber melhor as primeiras etapas do desenvolvimento humano.
Num comunicado acerca do seu pedido, que foi apresentado à Autoridade para a Fertilização Humana e para a Embriologia (HFEA), Niakan diz que não tenciona alterar geneticamente os embriões para fins de reprodução humana, mas só para aprofundar o conhecimento científico de como se desenvolve um embrião humano saudável.
“Este conhecimento poderá permitir melhorar o desenvolvimento embrionário após uma fertilização in vitro (FIV) e poderia conduzir a melhores tratamentos clínicos contra a infertilidade”, salienta a cientista, acrescentando que quaisquer embriões doados só serão utilizados para fins de investigação.
Os cientistas do mundo inteiro estão actualmente a debater a potencial futura utilização de uma nova tecnologia genética conhecida como CRISPR-Cas9, que permite editar praticamente qualquer gene, incluindo nos embriões humanos.
Embora esta tecnologia possa permitir detectar defeitos genéticos para a seguir alterar ou substituir os genes em causa, os críticos argumentam que também tem o potencial de criar bebés "feitos à medida”.
Um porta-voz da HFEA fez notar que a legislação britânica proíbe a edição do genoma de embriões para fins terapêuticos, mas que a permite para fins de investigação científica desde que a HFEA atribua uma licença ao projecto em causa. O porta-voz também confirmou que a HFEA tinha recebido um pedido para usar a CRISPR-Cas9 – pedido que seria examinado oportunamente.
Sarah Chan, do Instituto de Saúde Pública e Informática da Universidade de Edimburgo, disse por seu lado que o pedido de autorização à HFEA “deveria ser uma razão para ter confiança e não uma razão para receios”. "A investigação em torno da edição do genoma humano tem um inegável e gigantesco potencial científico e os cientistas britânicos estão a preparar-se para dar um contributo pioneiro a nível mundial nesta área", acrescentou.
“Ao mesmo tempo, deveria reconfortar-nos o facto de saber que este trabalho está a ser desenvolvido no âmbito de uma regulamentação robusta, que garante níveis elevados de qualidade científica e ética", frisou.
Foi em Abril passado que cientistas chineses publicaram um artigo onde descreviam, pela primeira vez de forma oficial, as experiências de edição do ADN de embriões humanos que tinham realizado.