A Grécia cresceu mais que Portugal?

O argumento foi usado por António Costa para defender que o actual ritmo de retoma português é baixo. Será mesmo assim?

Foto
A economia grega afundou-se 22% desde 2009, ao passo que Portugal caiu 4,7% REUTERS/Tony Gentile

A frase

O contexto
Como argumento para defender que o actual ritmo de retoma português é muito insatisfatório, António Costa assinalou na entrevista à RTP que a economia grega cresceu mais do que Portugal no segundo trimestre de 2015.

Os factos
De acordo com os dados publicados esta semana pelo Eurostat, o PIB grego registou no segundo trimestre de 2015 uma variação em cadeia de 0,9%, ao passo que o português aumentou 0,4%. O ritmo de crescimento grego no trimestre foi assim mais do dobro.

No que diz respeito ao crescimento face ao período homólogo, a Grécia registou uma variação do PIB de 1,6% (e não 1,9%, como afirmou Costa), ligeiramente acima dos 1,5% conseguidos por Portugal.

A Grécia obteve estes resultados num trimestre em que viveu na incerteza permanente quanto à sua permanência no euro. No primeiro trimestre, Portugal cresceu mais do que a Grécia.

No entanto, para que se faça uma análise completa do ritmo de retoma dos países, é importante levar em conta qual a dimensão da quebra anterior da economia. É normal que países onde a economia caiu de forma mais acentuada no passado recuperem com taxas de crescimento mais elevada, uma vez que o ponto de partida é mais baixo.

De acordo com os dados da Comissão Europeia, no caso da Grécia, a economia caiu 9,5% entre o final de 2010 e o final de 2014. No mesmo período, Portugal caiu 6,5%. Ainda mais acentuada é a diferença se a análise for feita desde o final de 2009 até ao final de 2014. Nesses cinco anos, a economia grega afundou-se 22%, ao passo que Portugal caiu 4,7%.

Em resumo
Olhando somente para o segundo trimestre deste ano, confirma-se que a Grécia cresceu mais do que Portugal. Uma parte da explicação deste resultado encontra-se no ponto de partida muito baixo de onde a Grécia está a partir, depois de uma quebra superior a 20% na sua economia nos últimos cinco anos.
 

PÚBLICO -
Aumentar
Sugerir correcção
Ler 8 comentários