Grávidas que admitem ter bebido durante a gestação são 19%
Estudo defende que deve ser reforçada a mensagem de que na gravidez o consumo de bebidas alcoólicas deve ser completamente interrompido e que a grávida deve ser ajudada a não beber durante este período.
No estudo O consumo de álcool na gravidez constatou-se que 1% das inquiridas tomaram bebidas alcoólicas até ficarem “alegres” e/ou fizeram consumos “binge”.
Mas, por comparação com o seu padrão de consumo nos 12 meses anteriores, constata-se que, entre as que já eram consumidoras, 74% abandonaram o consumo (13,7% ainda antes de terem conhecimento da gravidez, porventura no âmbito do seu planeamento, e 60,6% após conhecimento desta).
De entre as que mantiveram o consumo de bebidas alcoólicas (26% das consumidoras), metade (13%) diminuíram-no.
“As alterações ao consumo na gravidez ocorrem sobretudo aquando do conhecimento desta e são motivadas pela necessidade de evitar problemas de saúde para o futuro filho”, lê-se no sumário executivo deste estudo que vai ser apresentado na segunda-feira, no auditório do Centro de Saúde de Sete Rios, em Lisboa.
O SICAD refere que os resultados do estudo aconselham a que sejam divulgadas “mensagens claras” com a mensagem de “não é seguro beber qualquer copo na gravidez”. Isto porque, nas respostas encontraram “um certo consenso em torno da ideia de que o consumo de bebidas alcoólicas na gravidez tem efeitos negativos no bebé”, mas também detectaram alguma “ambiguidade quanto ao tipo de consumo que é nocivo”.
O consumo abusivo de álcool durante a gravidez está associado a anomalias no feto, de entre as quais se destaca a Síndrome Alcoólica Fetal, em que os bebés afectados nascem subdesenvolvidos e com peso abaixo do normal.
Segundo o Portal de Saúde, a grávida “não deve beber rigorosamente nada”, uma vez que “o álcool será absorvido pelo organismo do bebé através do sistema circulatório”. A ingestão de álcool durante a gestação pode retardar o crescimento do feto e provocar lesões cerebrais.
Em casos mais graves, os bebés nascem com malformações físicas e orgânicas, sofrem de perturbações do comportamento (hiperactividade, descoordenação motora, dificuldades de aprendizagem e de linguagem), desenvolvimento emocional retardado e atraso mental. “Estes sintomas podem ser ligeiros, mas também podem ser graves e prolongarem-se até à idade adulta, sobretudo no que respeita às doenças mentais e do comportamento”, explica o Portal da Saúde.
A maioria das grávidas inquiridas considera também que, a família, o companheiro ou amigos, e por outro, os profissionais de saúde, discordam/discordam totalmente do consumo moderado de bebidas alcoólicas na gravidez. Na maior parte dos casos, o companheiro das participantes era consumidor de bebidas alcoólicas.
Praticamente todas avaliaram como” fácil ou muito fácil” não beberem qualquer bebida alcoólica neste período.
A representação de que familiares/companheiro/amigos discordam do consumo moderado de bebidas alcoólicas na gravidez diminui a probabilidade de consumirem bebidas na gravidez.
O estudo piloto inquiriu grávidas que estavam a ser seguidas em centros de saúde no Agrupamento de Centros de Saúde Lisboa Norte, Central e Ocidental/Oeiras).
Os autores defendem que deve passar a ser “prática generalizada” no acompanhamento à gravida (e à mulher que planeia engravidar) a identificação do consumo de bebidas alcoólicas e, caso este exista, apoiar a grávida para que o consiga abandonar.