Templo mais importante de Palmira continua de pé, apesar de explosão

Activistas e habitantes anunciaram que parte do Templo de Bel foi destruído pelo Estado Islâmico. Autoridade do património confirma explosão, mas diz que a estrutura principal do edifício está intacta.

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Joseph Eid/AFP

"A estrutura do templo, as suas colunas e o santuário" estão intactas, segundo disse à BBC o director-geral das Antiguidades e dos Museus da Síria, Maamoun Abdelkarim. "A nossa informação é provisional, mas indica que o dano que possa ter acontecido foi parcial e que a estrutura básica está ainda de pé", acrescentou o responsável do Governo sírio.

Ninguém sabe que partes do Templo de Bel ficaram destruídas por esta explosão, que se deu na tarde de domingo. Os extremistas que controlam a cidade desde Maio não permitem que ninguém se aproxime das estruturas da cidade antiga e é possível que só o próprio grupo possa confirmar o grau de destruição. "As testemunhas não se conseguem aproximar para verem quantos estragos foram causados", explica Abdelkarim.

Mas algumas varandas da cidade moderna têm vista para o templo de Bel e Abdelkarim dá os testemunhos destes residentes como prova de que o edifício está ainda de pé. Para além disso, há razões para crer que os jihadistas não pretendiam destruir por completo a estrutura. Segundo disse a figura máxima do património sírio ao Guardian, a explosão aconteceu no interior do templo. Bastava ter sido no exterior para que as suas paredes milenares não resistissem ao impacto.

O Templo de Bel, construído no final do período Helénico, no ano 32, em nome do deus semita com o mesmo nome, é um dos exemplos mais importantes e bem conservados da arquitectura greco-romana de influência árabe e síria no Médio Oriente. É também a jóia de Palmira e uma das heranças mais célebres da Rota da Seda, período em que esta cidade síria se afirmou como um dos principais centros de diversidade cultural e religiosa no mundo. Embora a estrutura do templo pareça ter-se aguentado, teme-se que as preciosas inscrições e estátuas do seu interior possam ter sido destruídas. 

Há uma semana, os extremistas destruíram o templo de Baal-Shamin, considerado o segundo mais importante de Palmira, cidade património da Humanidade da UNESCO desde 1980 pelas importantes ruínas greco-romanas e que é ainda símbolo da convivência de várias culturas. Em todo o caso, a explosão desta segunda-feira foi muito menor da que aconteceu há uma semana, segundo relata Abdelkarim. 

A agência AFP citava durante a manhã Mohammed Hassan al-Homsi, um activista em Palmira, que contava que os jihadistas usaram “recipientes e barris cheios de explosivos” para destruir o interior do templo. Outro habitante dizia à BBC de "uma explosão que um surdo ouviria", dizendo também que as colunas estavam tombadas. Apenas uma parede do Templo de Bel terá ficado intacta, segundo o seu relato. 

Pela parte do Observatório Sírio dos Direitos Humanos, organização com sede em Londres que acompanha a guerra na Síria através de uma rede de activistas no terreno, o que se confirma é a explosão de "partes" do templo, mas não diz quais e com que gravidade. 

Poucos dias depois da invasão de Palmira, em Maio, os jihadistas divulgaram imagens do sítio arqueológico, e garantiram que iriam preservar a maioria dos monumentos, como as imponentes colunas e o Templo de Bel – de fora dessa lista, e marcadas para serem destruídas, ficaram as estátuas dos "ídolos que os infiéis adoraram". Desde então, e para além de Baal-Shamin, os extremistas destruíram dois santuários com centenas de anos.  

Há duas semanas, os jihadistas decapitaram o arqueólogo Khaled al-Assad, de 81 anos, responsável pelas antiguidades e pelos museus da cidade entre 1963 e 2003, e que continuava a ter um papel fundamental na sua preservação como consultor.

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