Jornal da Madeira muda de nome e tem potenciais interessados na compra do título

Processo de restruturação do jornal de Jardim resulta numa nova imagem gráfica, nova direcção editorial e num novo nome. A Diocese vai sair e já há dois grupos nacionais interessados na compra.

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A sede do Jornal da Madeira chegou a ser ocupada por opositores políticos nas últimas eleições a que Jardim concorreu Rui Gaudêncio

O matutino, que é detido a 99,98% pelo Governo madeirense, estando a restante percentagem do capital social nas mãos da Diocese do Funchal, está a ser alvo de um processo de restruturação, tendo em vista a venda a privados.

Para já, confirmou ao PÚBLICO fonte da Secretaria Regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus, que está a gerir o processo, existem conversações com dois grupos nacionais: Cofina e o grupo detentor do jornal económico Oje.

O executivo de Miguel Albuquerque, que prometeu durante a campanha eleitoral vender o jornal, quer tornar o título mais atractivo para potenciais compradores, reduzindo os encargos com recursos humanos e tentando ‘apagar’ o histórico dos últimos anos, em que o Jornal da Madeira era fortemente conotado com o PSD de Jardim.

O plano de restruturação passa pela rescisão amigável com 24 dos actuais 55 colaboradores, sendo que 19 trabalhadores, apurou o PÚBLICO, estão já a negociar a saída da empresa.

Depois de ter assumido o passivo de 52 milhões de euros e de ter anunciado uma redução de 60% nos suprimentos anuais – foram 2,6 milhões de euros este ano e passam a 1,1 milhões de euros em 2016 -, o Governo regional quer agora limpar a imagem propagandística do matutino.

Além do novo título, o jornal surgirá com um novo grafismo e com uma revista semanal, tal como o concorrente Diário de Notícias (do Funchal). Marsílio Aguiar, assessor de comunicação do último governo de Jardim, regressa ao diário para assumir a direcção editorial e terá a difícil tarefa de reerguer um jornal, que chegou a ser bastante popular na década de 80.

Mas nos últimos anos, fruto de uma crescente politização, tanto em termos de orientação editorial como nas colunas de opinião, foi perdendo espaço no mercado e credibilidade junto da população. O resultado foi o acumular de prejuízos e de queixas na Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).   

Esta semana, Governo regional e Diocese de Funchal anunciaram em comunicados divulgados quase em simultâneo a saída da Igreja do projecto, o que acontecerá até ao final de Maio de 2016. Data prevista para a empresa ser vendida.

“A fidelidade aos valores que norteiam a Diocese não se compatibiliza com um projecto necessariamente comercial que resultará da privatização”, lê-se no documento emitido pela Diocese, que foi acusada, durante os últimos anos, de fechar os olhos à instrumentalização política que o Governo regional fez ao título.

Além do Jornal da Madeira, o executivo madeirense quer vender também a rádio que integra a empresa. Um processo que, tendo em conta o investimento, será mais facilitado, havendo já algumas propostas concretas sobre a mesa.

Mesmo com um preço de capa simbólico de 10 cêntimos, o Jornal da Madeira é distribuído gratuitamente e nos últimos anos acumulou prejuízos avultados. Alberto João Jardim, que antes da vida política activa foi director daquele matutino, justificou os suprimentos anuais com a necessidade de garantir a pluralidade informativa na Madeira.

Esta política resultou, de acordo com a empresa detentora do outro jornal diário regional, numa distorção no mercado publicitário, e foi com essa justificação que foram apresentadas várias queixas na ERC.

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