Biólogos garantem que maioria dos tubarões avistados na Madeira é inofensiva
Duas praias na zona leste da ilha foram interditadas esta semana devido à presença de tubarões.
"É normal e frequente, sobretudo quando as águas estão mais calmas, o avistamento de tubarões-caneja [ou cação], que é uma espécie costeira", esclareceu o biólogo Manuel Biscoito à agência Lusa, depois de duas praias na zona leste da ilha terem sido interditadas esta semana durante algum tempo devido à presença daqueles peixes.
Manuel Biscoito realçou que o conhecimento científico disponível não permite afirmar que há um aumento do número de tubarões na zona do Oceano Atlântico que banha a costa da Madeira, do mesmo modo que também não são conhecidos relatos de incidentes com pessoas, como acontece nos Estados Unidos, África do Sul, Austrália ou até mesmo em Cabo Verde.
"O que podemos dizer é que há mais pessoas a usufruir do mar e das actividades náuticas e, como tal, verifica-se um aumento do número de reportes de avistamentos", sublinhou.
O biólogo esclareceu, no entanto, que existem na Madeira espécies oceânicas potencialmente perigosas, como o tubarão-branco, o tubarão-azul ou o marracho, que, por vezes, se aproximam da costa. Estes tubarões podem atingir quatro metros de comprimento e pesar mais de 200 quilos.
A presença do tubarão-martelo é também comum nos mares da Madeira, sobretudo nas extremidades da ilha (Ponta do Pargo e Ponta de São Lourenço). Mais raros, mas ainda assim presentes, são o tubarão frade (que pode atingir dez metros) e o tubarão baleia (que facilmente chega aos 20 metros), embora a sua fonte de alimento seja o plâncton - e sejam, portanto, inofensivos para os banhistas.
A directora da Estação de Biologia Marinha Funchal, Mafalda Freitas, confirmou que a maior parte dos avistamentos de tubarões junto à costa são de caneja, mas alertou para o facto de, embora inofensivos, estes serem animais selvagens, pelo que não se deve promover a interacção com eles. Mafalda Freitas advertiu ainda para a importância de as pessoas informarem a Estação de Biologia Marinha sempre que avistarem um tubarão junto à costa, de modo a ajudar os técnicos na identificação das espécies e na construção de uma base de dados sobre a matéria.
"Precisamos, principalmente, da ajuda dos operadores turísticos, centros de mergulho e atletas de desportos náuticos", realçou.