Manifestações em Beirute pela recolha do lixo geram confrontos com a polícia

Dezenas de pessoas ficaram feridas em dois dias de protestos contra o Governo, que não consegue chegar a consenso sobre uma empresa de recolha de lixo.

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Manifestante acena com a bandeira do Líbano, diante as forças policiais, no centro de Beirute Anwar Amro/AFP

A polícia tentou expulsar os manifestantes que se concentraram diante do gabinete do primeiro-ministro do Governo interino, Tammam Salam. Em resposta, os autores dos protestos lançaram pedras à polícia e partiram várias janelas. Segundo a Reuters, dezenas de pessoas ficaram feridas ao longo do fim-de-semana de manifestações.

As tensões explodiram nos últimos dias na capital libanesa, em resposta a uma crise na recolha do lixo que acabou por despoletar protestos contra Governo, composto por facções rivais e que inclui os sunitas do Movimento Futuro, o Hezbollah xiita e forças cristãs. O executivo tem a bênção dos grandes poderes regionais, Arábia Saudita e Irão, que controlam diferentes movimentos políticos e armados no país.

Mas, no plano governativo, os líderes do Líbano têm sido incapazes de chegar a consensos fundamentais. Como, por exemplo, sobre a escolha de uma nova empresa de recolha de lixo, que se vai amontoando nas ruas. A crise acabou por despertar a animosidade da população contra o poder fracturado, em protestos com o lema “vocês fedem”.

O primeiro-ministro libanês ameaçou demitir-se caso a próxima reunião para discutir o tema da recolha de lixo não tenha sucesso. O encontro está agendado para quinta-feira. Tammam Salam disse neste domingo, num discurso ao país, que se o executivo for incapaz de decidir, “não haverá necessidade para um Governo”. Segundo Salam, o país, severamente endividado, não conseguirá pagar os salários de Setembro.

Caso Salam se demita, o país entrará em crise constitucional, uma vez que o Líbano está agora sem Presidente, que é quem nomeia o chefe de Governo. Nas ruas, os manifestantes davam voz a uma crise política que foi exacerbada pelos conflitos na região, sobretudo na vizinha Síria. “A nossa luta é para recuperar todos os nossos direitos, electricidade, água e o lixo que queremos ver fora das ruas”, disse à Reuters o activista Ahmed Qubaisi. 

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