Presidente da Amazon refuta críticas às condições de trabalho

Investigação do New York Times lança polémica sobre práticas laborais do gigante do comércio online.

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Emmanuel Dunand/AFP Jeff Bezos diz que a empresa não teria sucesso se tivesse um mau ambiente de trabalho

No artigo, publicado neste sábado, o Times descreve um ambiente de trabalho em que é frequente ver pessoas a chorar nas secretárias ou ao sair de reuniões, e em que os emails enviados de madrugada são seguidos por um SMS a perguntar por que não há resposta. 

Aos jornalistas, houve quem se queixasse de ter sido penalizado na avaliação de desempenho depois de regressar ao trabalho após um tratamento para o cancro, e quem tenha sido pressionado a fazer uma viagem de trabalho no dia seguinte a uma cirurgia, feita na sequência de um aborto. 

Segundo o texto, há instruções sobre como enviar comentários sobre colegas aos respectivos superiores, o que inclui textos pré-escritos, com mensagens como “Estou preocupado com a falta de flexibilidade dele e as queixas sobre pequenas tarefas”.

Por outro lado, há também depoimentos de pessoas que elogiam a cultura de exigência. Alguns reconhecem que o ambiente de trabalho não é saudável, mas dizem que, embora tenham optado por sair, a aprendizagem obtida durante a passagem pela empresa foi o pontapé de arranque para uma carreira bem-sucedida. 

Ao todo, o Times diz ter entrevistado 100 pessoas, entre funcionários antigos e actuais, incluindo trabalhadores dos recursos humanos, mas nenhum executivo de topo. A força de trabalho na Amazon ronda as 154 mil pessoas.

O tema tem sido alvo de debate na imprensa e nas redes sociais. Um artigo de um director da Amazon escrito no LinkedIn, uma rede social focada em contactos profissionais, acusou o Times de encontrar histórias soltas e usá-las para criar uma imagem falsa da empresa. 

A defesa de maior peso acabou por chegar pela mão de Jeff Bezos. Numa mensagem enviada aos funcionários, o presidente da Amazon argumenta que uma empresa com um ambiente como o descrito não conseguiria contratar e ser competitiva numa altura em que as empresas tecnológicas disputam talento.

“O artigo vai além de reportar casos isolados. Defende que a nossa abordagem intencional é criar um local de trabalho sem alma, distópico, onde não há diversão e nenhuma gargalhada se ouve”, escreve Bezos. “Não creio que alguma companhia que adoptasse esta abordagem pudesse sobreviver, muito menos ser bem-sucedida, no altamente competitivo mercado de trabalho de tecnologia”.

O executivo encoraja os funcionários que saibam de histórias como as narradas pelo Times a denunciar os casos, aos recursos humanos ou directamente a ele. 

 

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