Autoridades aproximam-se de suspeitos do atentado em Banguecoque

Governo tailandês diz que há agora uma ideia "muito mais clara" sobre quem são os suspeitos e aponta para grupo antigovernamental na região dos camisas vermelhas.

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Há "uma ideia muito mais clara de quem são os bombistas, mas não o posso revelar agora", disse nesta terça-feira o ministro tailandês da Defesa, Prawit Wongsuwan, citado pelo britânico The Guardian. "Temos suspeitos. Não há muita gente." 

Por agora, as autoridades tailandesas estão a assumir que o atentado foi provocado por um grupo "antigovernamental do Nordeste do país", nas palavras do primeiro-ministro, Prayut Chan-ocha. Esta zona é o bastião dos camisas vermelhas, grupo que se opõe à junta militar e apoia os Shinawatra, a família que liderava a Tailândia antes do golpe militar de 2014. 

A polícia acredita ter também encontrado o indivíduo responsável por colocar as bombas feitas com tubagens. É um homem com uma t-shirt amarela "que transportava uma mochila e que passou pelo local na altura do incidente", disse o chefe da polícia nacional, Somyot Pumpanmuang, citado pela Reuters. 

As primeiras informações davam conta de um explosivo numa mota, mas mais tarde as autoridades mencionavam uma mulher que teria deixado os explosivos escondidos perto de um poste. Uma brigada de minas e armadilhas descobriu pelo menos mais um explosivo que foi desactivado.

Há vítimas de várias nacionalidades asiáticas. Pelo menos quatro chineses, incluindo duas pessoas de Hong Kong, dois cidadãos da Malásia, um de Singapura, um indoneso e um filipino já se confirmou estarem entre os mortos. 

O editor da região asiática do jornal britânico The Telegraph Philip Sherwell diz que o alvo “não poderia ser mais simbólico”. O local é um cruzamento com muito movimento junto de hotéis de cinco estrelas e grandes centros comerciais, no eixo do Skytrain, o metro de Banguecoque. O templo hindu é também sagrado para budistas, e recebe muitos turistas assim como crentes locais.

Foi um dos locais de manifestações e contra-manifestações antes do golpe do ano passado que derrubou o governo de Yingluck Shinawatra, irmã de um anterior primeiro-ministro, Thaksin Shinawatra.

O último grande ataque na capital tailandesa ocorreu no final de 2006, três meses depois de um golpe derrubar o Governo de Thaksin, matando três pessoas e deixando dezenas de feridos.

Assim, desde cedo se suspeitou que o ataque de segunda-feira pudesse estar ligado a apoiantes dos Shinawatra, que gozam de grande apoio na Tailândia rural também graças ao seu populismo. 

Em Fevereiro, duas pequenas bombas feitas também com canos detonaram perto de um outro centro comercial na área, causando apenas susto e ferimentos ligeiros em algumas pessoas. As autoridades disseram acreditar que o objectivo era sobretudo provocar pânico.

Muitos na Tailândia preocupam-se com os cortes nas liberdades que a junta está a levar a cabo em nome da segurança, e também há indignação pelos militares, que tinham prometido eleições, estarem a preparar-se para se manterem no poder até 2017. Pretendem ainda uma constituição que permita declarar facilmente o estado de emergência.

Críticos da junta militar dizem que a junta poderá estar a criar incidentes violentos para justificar a supressão de direitos básicos e liberdades. Os governantes anunciaram a criação de um “gabinete de guerra” para investigar o atentado. As investigações ao ataque de 2006 nunca deram quaisquer resultados.

Em Abril, a junta levantou a lei marcial que vigorava desde Maio de 2014 (esta lei prejudicava especialmente o turismo porque os seguros das operadoras não cobriam países com lei marcial). Mas no plano interno o executivo aprovou uma lei a que os media se referem como “a lei da ditadura” e que permite aprovar qualquer medida em nome da segurança nacional.

A Tailândia vive ainda uma insurreição muçulmana na zona sul, perto da fronteira com a Malásia, mas apesar de haver atentados esporádicos estes não saem da zona Sul e seria inédito um ataque na capital ou numa zona turística.

Sabe-se também, aponta o editor do Telegraph, que o país já foi usado como ponto de passagem para radicais islamistas transnacionais no passado, e havia preocupação de que a Tailândia pudesse ser um “soft target”, um alvo mais fácil por ter menos segurança do que outros locais. 

O país atravessa agora um momento especialmente sensível por causa da fragilidade do rei Bhumibol, reverenciado por todos (os guias turísticos aconselham a que nenhum visitante pise uma nota nem por acaso, porque tem a imagem do rei). Bhumibol é tido como o garante da unidade no país apesar da cisão dos dois campos políticos pró e contra Shinawatra, que são em traços largos os camisas vermelhas, rurais e pobres de fora da capital, apoiantes dos executivos dos irmãos; e os camisas amarelas, a classe média urbana e universitária.

Na semana passada o rei octogenário, o monarca há mais tempo em funções de todo o mundo, foi internado com “fluido no cérebro”.

O príncipe herdeiro, Maha Vajiralongkorn, está longe de gozar da mesma popularidade do pai. O seu estilo de vida de playboy e alegada proximidade com os Shinawatra causam desconfiança em muitos tailandeses. 

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