O canal que Nasser ofereceu aos egípcios
Em 1956, o então Presidente Gamal Abdel Nasser, arauto do panarabismo e opositor do colonialismo, nacionalizou o canal que, até então, era gerido pela Grã-Bretanha e a França, países proprietários da Companhia do Canal do Suez.
Esta demonstração de força dá origem à “crise do Suez”, marcada pela invasão de uma parte do Egipto pelas tropas israelitas, britânicas e francesas com o objectivo de retomarem o controlo do canal e derrubarem Nasser. Os invasores acabariam por retirar-se, por pressão dos EUA, União Soviética e Nações Unidas.
Depois da sua nacionalização, este “rio” de 192 quilómetros continua a ser uma importante rota para o transporte de petróleo e uma das vias navegáveis mais frequentadas do mundo. O tráfego que passa pelo canal representou 7,5% do comércio mundial em 2007, segundo dados do Conselho Mundial de Navegação. Em 2013, 4,6% da produção mundial de produtos petrolíferos transitou pelo Suez ou pelo oleoduto Sumed, que também liga o Mar Vermelho ao Mediterrâneo, refere a Agência americana de informação sobre a energia.
Com 72 quilómetros, a nova via agora inaugurada vai reduzir o tempo de espera dos cargueiros de 18 para 11 horas e permitirá a circulação nos dois sentidos. A construção da nova infra-estrutura foi concluída em menos de um ano e custou nove mil milhões de dólares, uma verba conseguida principalmente através de participações vendidas aos egípcios.
O projecto incluiu a escavação de um novo canal de 37 quilómetros e o alargamento e aprofundamento do canal existente ao longo de uma extensão de 35 quilómetros. De agora até 2023, quase 100 navios poderão atravessar o canal quotidianamente, contra os 49 que o fazem actualmente, segundo a Autoridade do Canal da Suez. O tempo da travessia – já testado antes da inauguração por três navios porta-contentores – foi reduzido de 22 horas para quase metade.
O Governo egípcio espera que a nova artéria mais do duplique os lucros do canal na próxima década. Esta é uma estimativa optimista que os peritos preferem não partilhar, uma vez que não é possível de todo contabilizar o impacto desta extensão do canal do Suez no comércio marítimo mundial.