PSD celebra menos desempregados, oposição lembra quem emigrou ou desistiu

Maioria e oposição continuam a digladiar-se e a fazer leituras diferentes acerca dos dados do desemprego divulgados pelo INE.

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Marco António Costa diz que número absoluto de desempregados diminuiu na actual legislatura Nuno Ferreira Santos

Numa conferência de imprensa marcada propositadamente esta manhã para comentar os dados do INE, o vice-presidente do PSD Marco António Costa defendeu que os dados provam que "o país está no rumo certo" e que Portugal pode agora "ambicionar olhar para o futuro com mais esperança" e com "mais ambição”.

De acordo com o porta-voz do PSD, o INE reviu “as previsões que havia projectado para Maio” relativamente à taxa de desemprego: “Trata-se de uma revisão em baixa de quase 1%. Significa isto que, afinal, em Maio não tivemos uma taxa de desemprego de 13,2%, mas sim uma taxa de desemprego de 12,4%”, disse.

O social-democrata acrescentou ainda que, “face a Junho de 2011, primeiro mês de governação do actual Governo da maioria”, há “uma redução efectiva do número absoluto de desempregados em Portugal” – de 661 mil em Junho de 2011 para 636 mil em Junho de 2015. 

“Temos uma redução superior a 20 mil desempregados entre Junho de 2011, o primeiro mês deste Governo, e o mês actual, em final de legislatura do actual Governo. Importa também sublinhar a circunstância de que, há 29 meses consecutivos, a taxa de desemprego vem baixando e a taxa de emprego está a crescer. Entre Janeiro de 2013 e Maio de 2015, há mais 204 mil portugueses felizmente a trabalhar”, frisou.

Uma leitura corroborada pelo CDS-PP, pela voz de Nuno Magalhães que classificou de "animadora" a taxa de desemprego de 12,4% e afirmou ser "politicamente relevante" que, pela primeira vez, esteja abaixo da deixada pelo Governo socialista que era de 12,7%. O líder da bancada centrista  realçou que foi a "maior revisão em baixa de sempre feita pelo INE - de uma estimativa de 13,2% para 12,4%", o que "vem dar razão ao Governo em só usar números definitivos e não provisórios, como outros fizeram num passado recente".

"Viemos a saber que desde o início de 2013, os empresários conseguiram criar cerca de 200.000 empregos, o que quer dizer que, havendo confiança, há investimento e criação de emprego", declarou. Nuno Magalhães destacou ainda o facto de haver "menos 105.000 desempregados, dos quais 22.000 jovens, que é um dos maiores problemas do desemprego no nosso país". Mas admitiu que a taxa de desemprego "continua a ser alta e daí constituir a primeira, segunda e terceira prioridade do próximo Governo e desta maioria".

203 mil empregos "destruídos"
Mas os números não estão isentos de polémica e tanto socialistas como bloquistas usam argumentos comuns para questionar os dados. O PS, por exemplo, considera que "o número que verdadeiramente conta" sobre o desemprego são os "empregos destruídos". E que, ao fim de quatro anos de Governo PSD/CDS-PP, são 203 mil.

O vice-presidente da bancada do PS Pedro Nuno Santos argumentou que "a maioria dos desempregados não está reflectida" nos números anunciados pelo INE, porque há ainda a acrescentar "todos aqueles que foram obrigados a emigrar", os desempregados que deixaram de procurar emprego e os desempregados que frequentam programas ocupacionais. Todas estas pessoas juntas farão disparar, acrescentou, a taxa de desemprego para lá dos 20%, aproximando-se mesmo dos 25%.

As contas do BE são as mesmas e para a cabeça de lista pelo círculo de Lisboa às legislativas, Mariana Mortágua, as estatísticas oficiais do desemprego "não traduzem toda a realidade". Mortágua defendeu que "há três ou quatro realidades, nomeadamente estágios, formações, pessoas que desistiram de procurar emprego, porque não conseguiam, ou a emigração, que fazem com que estas pessoas saiam das estatísticas". E, fazendo as mesmas contas que os socialistas, também lança o desafio: "Juntem todas estas pessoas e vão chegar à conclusão que a taxa de desemprego em Portugal não é 12,4%, é 25%."

A deputada deixou o repto a "todos aqueles e aquelas que têm interesse nesta matéria" para irem "ao INE procurar os dados dos desencorajados, procurar os dados dos desempregados a tempo parcial (...) e vão ao Instituto de Emprego e Formação Profissional procurar os dados dos estágios e da formação".

Mariana Mortágua declarou que espera que se comecem a discutir "dados reais e não dados fictícios que são manipulados para poder provar uma estratégia que é falsa".

CGTP “preocupadíssima”
Também para a CGTP não há qualquer motivo para leituras optimistas e mostra-se mesmo “preocupadíssima” com um “desemprego estrutural profundamente preocupante” agravado pela “degradação da qualidade do emprego, salários e protecção social”. Para o secretário-geral Arménio Carlos, “há que ter consciência que a maior parte do emprego que está a ser criado é precário e que a precariedade continua a ser uma antecâmara do desemprego”.

“Uma parte dos trabalhadores que agora foram contratados, daqui a poucos meses, quando terminar esta época de sazonalidade, corre o risco de voltar novamente ao desemprego ou de ser inserido em programas de estágios ou outros, precisamente para manipular as estatísticas do desemprego e para procurar dar a ideia que as coisas estão a melhorar”, acrescentou.

A taxa de desemprego manteve-se inalterada em Junho face a Maio, nos 12,4%, segundo a estimativa mensal divulgada pelo INE. "A estimativa provisória da taxa de desemprego para Junho de 2015 situa-se em 12,4%, mantendo-se inalterada em relação à estimativa definitiva obtida para Maio de 2015", refere o instituto. A estimativa provisória da população desempregada para Junho de 2015 foi de 636 mil pessoas, enquanto a estimativa provisória da população empregada foi de 4,492 milhões de pessoas, mantendo-se ambas "praticamente inalteradas" em relação ao mês anterior.