Exames: boas notícias a Matemática A e más a Biologia e Geologia

Associações de professores consideram equivalente o grau de dificuldade dos dois exames em relação aos da primeira fase, cujos resultados foram negativos a Biologia e Geologia.

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Os exames da segunda fase são usados como uma segunda oportunidade para os estudantes que não obtiveram aprovação na primeira, que é obrigatória, ou para tentativa de melhoria de classificação (que já não poderá ser utilizada na primeira fase de candidatura ao ensino superior, que já começou, mas apenas nas seguintes, em que as vagas são reduzidas).

Com aqueles objectivos fizeram exame de Biologia e Geologia, nesta segunda-feira, 21.995 alunos – quase metade dos 45.300 estudantes que o realizaram na primeira fase, em que a média caiu dos 11 valores (em 2014) para os 8,9. A direcção da Associação Portuguesa de Professores de Biologia e Geologia (APPBG) “não especula” sobre resultados, mas a análise do enunciado não permite que os alunos fiquem muito optimistas.

Na primeira fase, João Oliveira, dirigente da associação, atribuiu a descida das classificações ao “elevado nível de exigência de competência interpretativa para a descodificação do enunciado”, que considerou não ser adequada à maturidade de alunos de 16, 17 anos. Aquele problema, disse agora ao PÚBLICO, manteve-se nesta última prova. Além disso, segundo a APPBG, "mais uma vez o exame afastou-se do modelo de 2014, que a associação considera o mais adequado por, entre outros aspectos, ser mais abrangente do ponto de vista programático e mais próximo do trabalho que se faz em sala de aula”.

Em relação a Matemática, as perspectivas são mais animadoras para os 17.562 alunos (92,1%dos inscritos) que fizeram o exame nesta terça-feira. Na primeira fase, os estudantes conseguiram uma classificação média de 12 valores, um dos melhores resultados em 20 anos de exames nacionais. Jaime de Carvalho, dirigente da Associação de Professores de Matemática (APM), disse ao PÚBLICO, nesta terça-feira, que, apesar de alguns elementos da associação considerarem que "a prova pode ter sido muito ligeiramente mais difícil, a maioria pensa que o nível de dificuldade é perfeitamente equivalente ao do exame da primeira fase”.

“Tratou-se de um exame equilibrado, que percorre os conteúdos essenciais, ligando-os entre si de forma interessante”, comentou Jaime Carvalho.  

Clementina Timóteo, dirigente da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) afirmou que os elementos daquela organização que analisaram a prova também consideraram a prova análoga à da primeira fase, incluindo no que respeita ao nível de dificuldade.

Quando foram conhecidas as classificações da primeira fase, os representantes da APM e da SPM alertaram que a subida não significava que os alunos soubessem mais do que os colegas que fizeram a prova no ano anterior com a média de 9,2. Queria dizer, sim, que o modelo da prova era diferente e, segundo ambos, mais adequado aos objectivos.

Também o próprio Instituto de Avaliação Educativa (o organismo responsável pela elaboração dos exames e dos critérios de classificação e também por todo o processo de classificação das provas) explicou o resultado obtido a Matemática A. Na sua perspectiva, ele deveu-se ao facto de, pela primeira vez, o exame integrar conteúdos do 10.º ano e também porque “a concepção das provas de 2015 teve em conta diversos pareceres de especialistas que consideraram que o peso que tinha vindo a ser atribuído ao cálculo era excessivo, que a prova deveria conter pelo menos um item de modelação matemática e mobilizar capacidades relacionadas com o conhecimento de conceitos e procedimentos, como já acontecera em diversas provas de anos anteriores”.

Alunos do 9.º ano terminaram provas
Nesta segunda-feira terminou também a segunda fase de exames do 9.º ano (que se realiza pela primeira vez), igualmente com a prova de Matemática. Na sequência de uma primeira fase com uma surpresa desagradável – a queda da média para os 48% - a prova foi feita por 6837 alunos (89,5% dos que se inscreveram).

Segundo a presidente da APM, Lurdes Figueiral. a prova de hoje foi, “à semelhança da da primeira fase, adequada, com linguagem clara e dentro do programa”. “O tema da organização e tratamento de dados continua a ser tratado com questões muito básicas e com pouca relevância, dados os objectivos do programa para este ciclo. Não fora os inesperados resultados da primeira fase e arriscaríamos dizer que é uma prova em que um aluno médio está em condições de a realizar em grande parte satisfatoriamente”, disse a dirigente da associação.

Na primeira fase, a classificação interna de Matemática e de Português valia 70% da classificação final, mas na segunda aquela deixa de ser tida em conta e os alunos só precisam de ter positiva para passarem.

Esta segunda fase de exames já existia para os alunos do 4.º ano e do 6.º. Foi criada este ano para o 9.º ano com o objectivo de oferecer outra oportunidade a dois grupos de alunos: os que no fim do ano lectivo não se encontravam em condições de transitar (e, por isso, ainda fizeram provas de equivalência ao 3.º ciclo nas escolas) e os que chumbaram na primeira fase das provas nacionais.

Na quinta-feira fizeram a prova nacional de Português 5942 alunos, ou seja, 91,3% dos inscritos, que está envolvida em polémica por, alegadamente, conter uma questão que não teve em conta o programa.

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