Câmara de Cascais aprova compra do Autódromo do Estoril por 4,9 milhões de euros

Equipamento é gerido pelo Estado desde 2000 e tem perdido "atractividade", diz a autarquia, que quer revitalizar o espaço. A oposição critica.

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Nuno Ferreira Santos

Sublinhando que Cascais tem já uma "oferta muito complementar e diversificada" de equipamentos desportivos e de lazer - como o aeródromo, o hipódromo, campos de golfe e a marina, entre outros - Carreiras diz que o autódromo vai conferir um "potencial ainda maior" a esta lista que "diferencia" o concelho dos seus vizinhos.

Na proposta de compra, a autarquia considera que "a atractividade do Autódromo do Estoril foi-se perdendo ao longo dos anos, seja pela falta de investimento, seja pela incapacidade de garantir as principais provas internacionais".

O equipamento, cujo nome oficial é Autódromo Fernanda Pires da Silva - em homenagem à presidente do grupo Grão-Pará, que o construiu em 1972 - é gerido pelo Estado (através da Parpública) desde 2000, após ter sido entregue para pagamento de dívidas contraídas pela empresa durante a intervenção estatal na década de 1970.

A situação "difícil" do autódromo é confirmada pela sociedade que o gere, a Circuito Estoril (participada a 100% pela Parpública), no Relatório e Contas referente a 2014. No ano passado, "não houve no Circuito Estoril qualquer apresentação de marca automóvel ou de motos de nível internacional", lê-se no documento. Embora tenha reduzido o volume de vendas em 32% face ao ano anterior, a empresa garante ter fechado 2014 sem dívidas a terceiros e com perspectivas mais positivas em relação a 2015.

A Câmara de Cascais adianta, na proposta, que tem recebido propostas de interessados em desenvolver "os mais diversos investimentos naquele equipamento, todos eles potenciadores da actividade económica, aumentando a capacidade de atracção turística, sendo desta forma geradores de riqueza e de emprego". Carlos Carreiras exemplifica: criação de uma escola técnica profissional na área da indústria automóvel, instalação de um circuito de karting, criação de uma escola que eduque para a condução segura, e até a criação de um espaço para acolher carros clássicos, virado para o mercado espanhol.

A autarquia informa ainda que tem já um entendimento com a Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting, bem como com a Federação Motociclismo Portugal, para obter os seus contributos na futura programação e dimensão desportiva do autódromo.

Mas a oposição não está tão optimista. O PS considera que os planos da coligação PSD/CDS-PP "não passam de uma série de sonhos que vai implicar investimentos significativos que não estão avaliados". Para a CDU, a autarquia pretende "embrulhar um flop que há dezenas de anos atormenta o município" e o negócio pertence à classe dos "negócios cristalinamente escuros". Já para a vereadora Isabel Magalhães, do movimento independente Ser Cascais, o investimento "em cima da mesa poderá rondar os 10 milhões de euros", um valor "excessivo face a outras situações mais urgentes do concelho".

O vice-presidente da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz, admitiu que os valores poderão ainda variar até 2,5 milhões de euros e que a autarquia tem mais dois meses para confirmá-los. "O grande objetivo é tentar, de uma vez por todas, que o autódromo volte a ter a vida que teve no passado", frisou.
 
Carreiras explica que esta operação, bem como o protocolo sobre as obras na futura esquadra da PSP de Cascais, estão previstas no Acordo Quadro para a Cooperação e Delegação de Competências, assinado em Março com o Governo.

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