Barreto Xavier vaiado por artistas na abertura da ampliação do Museu do Chiado

Acção de protesto "contra a actual política cultural” no dia da inauguração do novo espaço do Museu Nacional de Arte Contemporânea

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Barreto Xavier no Museu Nacional de Arte Contemporânea Enric Vives-Rubio
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Vaias ao secretário de estado Enric Vives-Rubio
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A concentração de artistas na Rua Capelo Enric Vives-Rubio

A acção de protesto "contra a actual política cultural” foi convocada na véspera através das redes sociais e de email, na sequência do processo polémico que levou à demissão do director do Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado (MNAC), David Santos, na semana passada, e que tem no centro uma disputa de instituições por uma colecção de arte contemporânea portuguesa reunida pelo Estado.

A concentração de artistas na Rua Capelo, frente ao antigo edifício do Governo Civil (onde estiveram, entre outros, Jorge Molder, Vasco Araújo, João Tabarra, Ana Vidigal ou a historiadora de arte Raquel Henriques da Silva), contrastava com a quase ausência de artistas entre os convidados que estavam na inauguração do novo espaço do museu. Falando na escadaria interior, ao lado de uma placa em acrílico com o seu nome a assinalar o acto inaugural e que será afixada na parede do novo espaço, Barreto Xavier referiu-se à polémica de forma subtil, dizendo esperar que, “passada a espuma dos dias”, todos pudessem “usufruir deste novo equipamento que, a partir de hoje, é de todos”. 

Foi uma inauguração sui generis, até porque a equipa que preparou a exposição de abertura estava ausente – bem como os restantes técnicos e curadores do Museu do Chiado – e as palavras de agradecimento de Barreto Xavier foram, sobretudo, para a Fundação de Serralves, cujo presidente, Luís Braga da Cruz, estava presente. “Por razões incidentais, não foi possível contar com a equipa inicial desta exposição”, disse o secretário de Estado. “Por isso, muito agradeço à Fundação de Serralves o modo como se articulou connosco para garantir a abertura desta exposição.” No final do seu breve discurso, ouviram-se assobios e vaias, vindas do grupo que se concentrara na rua, a poucos metros da entrada, e que se repetiram em três outros momentos, enquanto Barreto Xavier e convidados percorriam a exposição e quando deixou o edifício, uma hora depois. “Rua, rua, que esta casa não é tua”, gritaram a certa altura. Barreto Xavier recusou falar com jornalistas na inauguração.

A exposição é composta por uma selecção de obras que fazem parte da colecção do Estado, de que Serralves é parcialmente depositária e que no ano passado foi entregue ao Museu do Chiado através de um despacho assinado por Barreto Xavier, decisão que o próprio revogou recentemente, levando à demissão de David Santos. 

 

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