Uma porta por onde saem todos a ganhar
A reestruturação da dívida grega poderá ser o factor que fará aproximar a Grécia dos credores
Até agora tem sido pedido à Grécia mais austeridade e reformas em troco de financiamento adicional. Dinheiro quanto baste para que o país se mantenha à tona. Dinheiro quanto baste para que o país possa devolver o dinheiro que esses mesmos credores emprestaram no passado recente. Dinheiro suficiente para que o país não entrasse em bancarrota e pudesse passar mais uma temporada arredado dos mercados de dívida. Mas o fardo da dívida grega, uns dramáticos 170% do PIB, tornou-se incomportável. O país teria de gerar excedentes primários, de uma forma continuada, durante várias décadas para poder honrar o compromisso da dívida. E dinheiro que vai para o serviço da dívida é dinheiro que não vai para economia, para as famílias e empresas.
O problema da dívida grega é estrutural e são cada vez mais os apelos para que os países do euro tentem descortinar uma fórmula para aliviar a dívida, seja através de um perdão parcial, seja através de uma reestruturação que alongue maturidades. A pressão começou a vir do de Washington; primeiro foi o FMI e depois foi o secretário do Tesouro norte-americano, Jack Lew. E agora, deste lado do Atlântico, foi a vez de Donald Tusk se juntar ao coro. O presidente do Conselho Europeu diz que se o governo grego apresentar uma proposta de reformas realista, então “precisa de ter como resposta uma proposta igualmente realista em relação à sustentabilidade da dívida por parte dos seus credores”. Só assim haverá uma situação em que todos ganham.
Para os credores, perdoar parte da dívida grega nada mais é do que garantir que no futuro irão receber a outra parte em falta. Colocar um garrote à Grécia é contribuir para um mais do que anunciado incumprimento. Claro que do lado grego espera-se em contrapartida propostas sérias e que ajudem a equilibrar as contas públicas para que o país possa ter condições de honrar, nem que seja parcialmente, a sua dívida.