Bancos gregos vão permanecer encerrados até segunda-feira
Directora do FMI defende que é “necessária” uma restruturação da dívida grega, sem a qual a Grécia não "terá uma dívida viável”.
Os bancos estão de portas fechadas desde o anúncio do referendo do último domingo e os limites foram impostos assim que as negociações com os credores (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e União Europeia) foram interrompidas.
Atenas tem agora até à meia-noite desta quinta-feira para apresentar uma série de reformas e medidas e convencer os interlocutores a aprovar um terceiro programa de financiamento que deverá ser aprovado pelos ministros das Finanças da zona euro no sábado. No dia seguinte está prevista a realização de uma cimeira de líderes de todos os Estados-membros da União Europeia.
“Sabemos que tudo está seguro até segunda-feira”, afirmou já esta quinta-feira de manhã à televisão grega SKAI TV o presidente da associação de bancos do país, Louka Katseli.
Domingo, 61% dos gregos votou para recusar a última proposta conhecida e discutida da troika. Na terça-feira, o ministro Tskalotos começou a apresentar as ideias do Governo para um novo programa num encontro do Eurogrupo. Seguiu-se uma cimeira da zona euro onde os chefes de Estado e de Governo concordaram esperar até ao final da semana pelas novas propostas de Atenas.
Quarta-feira, o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, discursou no Parlamento Europeu, enquanto Tskalotos enviava em nome do Governo uma carta dirigida ao Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEE) em que faz o pedido formal de um novo empréstimo para os próximos três anos.
De Bruxelas e de várias capitais europeias continuam a suceder-se declarações de urgência e pressão. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, já disse que existe um “cenário detalhado para a saída da Grécia do euro” caso um acordo não seja alcançado até domingo.
O Governo tenta acalmar as pessoas, com o Ministério da Economia, Infra-estruturas e Turismo a “garantir aos cidadãos gregos e aos visitantes que há provisões adequadas de alimentos no mercado e que os preços vão permanecer estáveis”.
Ao contrário do que tem sido defendido pela maioria dos líderes europeus, a directora do FMI, Christine Lagarde, defendeu, como tem insistido Atenas, que é “necessária” uma restruturação da dívida grega. Só assim “a Grécia terá uma dívida viável”, afirmou Lagarde em Washington.
“A Grécia está numa situação de crise aguda, que precisa de ser enfrentada com rapidez e seriedade”, disse Lagarde, numa intervenção no think tank Brookings Institute. Segundo o FMI, Atenas vai precisar de pelo menos 50 mil milhões de euros nos próximos três anos e de um alívio da dívida.
“Os números deverão sem dúvida ser revistos”, afirmou ainda, explicando que este alívio da dívida tem de ser o segundo “pilar” do plano de ajuda à Grécia, ao lado da consolidação orçamental e das reformas que caberá ao Governo conseguir concretizar.