PS e PCP criticam afirmações de Cavaco Silva sobre a TAP
O presidente revelou ter ficado "mais aliviado" com a privatização da companhia aérea.
"O alívio do Presidente da República sobre o processo de privatização da TAP assentará em informações que não foram partilhadas com a Assembleia da República nem com os partidos?", pergunta Ferro Rodrigues, numa nota enviada à agência Lusa.
No domingo, em conversa informal com os jornalistas a bordo do avião que o transportou para a capital da Bulgária, Sófia, o Presidente da República disse agora estar "mais aliviado" relativamente à privatização da TAP, considerando que tudo aponta para que a transportadora aérea possa permanecer autónoma, com uma base de operações em Portugal. "A maioria do capital é português, temos de aplaudir", disse nessa mesma conversa.
Perante estas posições do chefe de Estado, o líder da bancada socialista refere-se também a outras declarações controversas proferidas por Cavaco Silva no ano passado, durante uma visita de Estado à Coreia do Sul, a propósito do caso Banco Espírito Santo (BES). "Serão agora [essas informações de Cavaco Silva] mais fiáveis do que as que há um ano o levaram a dizer que o BES estava sólido?", questionou ainda o presidente do Grupo Parlamentar do PS.
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou "chocante" a declaração do Presidente da República sobre a TAP e disse que "aliviados ficarão os portugueses" quando Cavaco Silva terminar o seu mandato. "É chocante ouvir um Presidente da República falar assim de uma empresa estratégica, uma empresa que se liga à comunidade lusófona, uma empresa que é simplesmente a maior exportadora nacional", disse Jerónimo de Sousa, na Ribeira Grande, nos Açores.
Jerónimo de Sousa disse ainda que não está em causa a percentagem de capital privatizado ou que parte deste é português ou estrangeiro, lembrando outros processos de privatização de "empresas estratégicas", como a EDP ou a Cimpor. "Várias empresas estratégicas começaram por um pouco [de capital privatizado] e depois foram totalmente privatizadas. Portanto, o problema não está na percentagem, está na privatização. E é nesse sentido que consideramos que pagaríamos muito caro no plano da nossa economia se perdêssemos essa alavanca fundamental do nosso desenvolvimento", acrescentou.