Contracepção é usada por 94% das mulheres, mas uso da pílula baixou
Resultados de estudo com quatro mil mulheres foram apresentados no Congresso Português de Ginecologia, em Espinho. Mostram que 17% das mulheres sexualmente activas já usou pílula de emergência.
O estudo de avaliação das práticas contraceptivas das mulheres em Portugal, da responsabilidade da Sociedade Portuguesa de Ginecologia e da Sociedade Portuguesa de Contracepção, analisou os hábitos contraceptivos de quatro mil mulheres do país, com idades entre os 15 e os 49 anos. De acordo com os resultados, que foram apresentados neste sábado no Congresso Português de Ginecologia, em Espinho, actualmente 94% das mulheres usam um método contraceptivo, um aumento de 12% quando comparado com os dados de 2005, o último inquérito realizado nesta área.
Em declarações aos jornalistas, Daniel Pereira da Silva, coordenador científico do estudo, considerou que este aumento se deve “à evolução da sociedade portuguesa” e a um “maior conhecimento, maior divulgação e maior grau de consciencialização” das mulheres.
Segundo os dados deste inquérito, há actualmente “uma maior tendência para o uso de métodos menos dependentes ou não dependentes da utilizadora” e, apesar da pílula continuar a ser o método mais utilizado, o seu uso caiu de 62% em 2005 para 58% este ano. Há assim um aumento do uso do DIU, do implante subcutâneo, do adesivo e do anel vaginal.
Entre as utilizadoras de pílula, uma em cada cinco esquece-se frequentemente de a usar.
O inquérito concluiu ainda que 17% das mulheres sexualmente activas já usaram pílula de emergência, tendo em 53% casos sido aconselhada por farmacêutico ou amiga.
“A grande diferença está sobretudo nos mais jovens, onde a educação sexual nas escolas tem um papel determinante. Nos jovens tem havido um significativamente maior uso do método de contracepção”, disse ainda o coordenador científico do estudo.
Em 2005, 16% das jovens, entre os 15 e os 19 anos com vida sexual activa, não usavam qualquer método contraceptivo. Em 2015 este número desceu para os 6%.
Mais qualidade de vida
O estudo demonstra ainda que “70% das adolescentes teve acesso a educação sexual” e que as fontes de informação sobre contracepção são predominantemente a Internet e os amigos, para as mulheres mais jovens, e para as mulheres mais velhas os profissionais de saúde. Independentemente disso, quem aconselha o método de contracepção é, na maior parte dos casos, o médico.
Daniel Pereira da Silva manifestou ainda uma preocupação relativamente ao facto de 40% das mulheres, entre os 35 e 39 anos, não fazerem qualquer consulta de planeamento familiar, o que aumenta o aumento de interrupções voluntárias da gravidez neste escalão etário.
Segundo o coordenador científico do estudo, há aqui uma questão de acessibilidade às consultas, que sendo gratuitas, tem que ser resolvida.
Dos resultados deste inquérito resulta ainda a ideia de que 80% das utilizadoras de preservativo pensam em contracepção e prevenção de infecções sexualmente transmissíveis e que 81% das mulheres consideram que a sua qualidade de vida melhorou com o uso de contracepção.