Sindicato dos enfermeiros diz que adesão à greve ultrapassa os 80%
No segundo dia da greve convocada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, a os serviços mais afectados são as consultas externas e os atendimentos nos centros de saúde
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses cumpre desde as 0h de quinta-feira o primeiro de dois dias de greve nacional de protesto contra a "degradação das condições de trabalho" destes profissionais e pela valorização da carreira de enfermagem.
De acordo com Guadalupe Simões, os serviços mais afectados pela greve "são aqueles em que os enfermeiros não têm obrigatoriedade de comparecer", nomeadamente consultas externas e os atendimentos nos centros de saúde.
"Nos blocos operatórios só funcionou, na maior parte deles, a sala de urgência. Alguns exames complementares de diagnóstico onde os enfermeiros estão [também foram afectados], e no Instituto Português do Sangue houve várias colheitas móveis que tiveram de ser suspensas", adiantou.
Segundo a dirigente sindical, os dados da adesão demonstram "na realidade o que é o descontentamento dos enfermeiros" e a "sua revolta pelo facto de se ter vindo a assistir a esta degradação das condições de trabalho", além da "escassez" de profissionais nos serviços.
A responsável acrescenta que existem enfermeiros que trabalham "milhares de horas" sem que as mesmas sejam pagas e sem que haja possibilidade de serem gozadas em tempo útil, solução que os profissionais reclamam. "Os enfermeiros sentem que, independentemente de terem taxas de produtividade acima de 150 %, não têm qualquer valorização por parte do Ministério da Saúde", lamentou.
O SEP acusa o actual Governo de ter poupado cerca de 190 milhões de euros à custa dos enfermeiros, nomeadamente graças ao aumento do horário de trabalho para as 40 horas semanais, aos cortes nas horas de penosidade, bem como através do congelamento de escalões.
Além de mais recursos humanos, o sindicato insiste na necessidade de valorizar a profissão que tem sofrido vários constrangimentos ao longo dos últimos anos, como congelamento das progressões, corte nos salários, nas horas extraordinárias e nas horas penosas. Segundo o SEP, metade dos enfermeiros sofre de exaustão física e psíquica e também mais de metade afirma que o seu ambiente de trabalho é mau.