Não havia forma mais dramática de acabar com o “jejum”
"Leões" recuperaram de uma desvantagem de 2-0 e acabaram por triunfar na final da Taça de Portugal sobre o Sporting de Braga.
Durante grande parte da tarde, o Sporting viveu no centro de uma tempestade perfeita. Especialmente no primeiro tempo, em que a equipa “leonina” esteve desastrada e rapidamente se viu não só em inferioridade numérica como ainda com dois golos de desvantagem no marcador. Porém, a recta final do segundo tempo estaria ao nível das maiores epopeias da literatura. Slimani reduziu a diferença (84’) e injectou confiança na equipa. Já depois dos 90’, Montero levou as bancadas ao rubro com o golo do empate. O Sporting ainda não estava morto. No prolongamento pesou aos “leões” o desgaste de jogar tanto tempo com menos um elemento, e aos bracarenses o murro no estômago de deixar escapar a vantagem. E, nos penáltis, o Sp. Braga era já uma equipa derrotada. Foi a quarta visita consecutiva ao Jamor que acabou em desilusão para os minhotos.
Os “leões” fizeram a festa e voltaram a erguer um troféu sete anos depois. Desde 2007-08, quando conquistou a Taça de Portugal (e depois a Supertaça), que o Sporting não celebrava uma vitória. A 16.ª taça do historial merecerá uma página especial nos livros de história do clube, pelas circunstâncias em que foi obtida. Quando o cenário se tornou mais negro, surgiu a enorme “alma leonina” e, empurrada pelos adeptos, a equipa fez das fraquezas forças para contrariar um fado amargo.
Ao intervalo, a final parecia decidida. Éder colocou a equipa de Sérgio Conceição em vantagem no marcador logo aos 16’. Tudo começou numa grande jogada individual de Djavan, que recuperou a bola a meio-campo e galgou metros rumo à baliza “leonina” — passou por dois adversários mas, já dentro da área, foi travado por Cédric. O defesa do Sporting foi expulso e o avançado internacional português não desperdiçou o penálti. Atordoados pelo golpe, os “leões” não esboçaram reacção e viram as coisas ficar ainda mais complicadas quando Rafa ampliou a vantagem bracarense (25’). Em mais um ataque rápido — que começou após um canto a favor do Sporting —, o jovem português recuperou a bola, entrou na área e desviou de Rui Patrício para o 2-0. Um golo que surgiu instantes depois de Marco Ferreira “perdoar” o segundo amarelo a Baiano, o que deixaria as duas equipas em igualdade numérica.
O Sporting viveu o melhor período já na recta final da primeira parte, quando encostou o Sp. Braga à área defensiva, mas sem mostrar eficácia na hora de atirar à baliza. Porém, a maré foi mudando. Slimani, um lutador do primeiro ao último minuto, obrigou Kritciuk a uma grande defesa aos 76’. Apesar de tudo, o Sporting estava vivo. E, aos 84’, quando já havia muitos adeptos “leoninos” a abandonar as bancadas, surgiu um raio de esperança com o golo do argelino. Com o tempo a esgotar-se, Montero foi o herói ao fazer o 2-2 e garantir mais 30 minutos de jogo no Jamor. Após um lançamento longo de Paulo Oliveira, o colombiano bateu o guarda-redes russo pela segunda vez e restabeleceu o empate (90+3’).
O prolongamento não desfez a igualdade no marcador, mas anulou a desvantagem numérica do Sporting, já que o bracarense Mauro foi expulso, aos 115’. Pela primeira vez na história, a final da Taça de Portugal seria decidida nos penáltis. E, aí, o ânimo redobrado que os “leões” ganharam foi decisivo: Adrien Silva, Nani e Slimani não erraram, enquanto no Sp. Braga só Alan acertou — André Pinto permitiu a defesa de Rui Patrício, enquanto Éder e Salvador Agra atiraram para fora.
A festa transbordou das bancadas preenchidas, na maioria, por adeptos do Sporting. Há um novo inquilino para a galeria de troféus de Alvalade.