Independência ou acesso: O que conta mais para uma biografia?
Editores preferem biografia não autorizada, por "uma questão de liberdade".
O normal é que as biografias sejam autorizadas, ou então feitas à revelia do biografado. A não-autorização coloca sérios problemas aos biógrafos. "Como é que podemos ter acesso a um arquivo que não existe em mais lado nenhum?", exemplifica João Pedro George. Muitas vezes, mesmo nos casos em que o biografado já morreu, é necessário chegar a "uma espécie de contrato" com a família. Mas estes condicionalismos "podem anular uma biografia". Seja porque não há acesso a informação relevante, seja porque as condições impostas para aceder a esse acervo impedem que o resultado seja equilibrado. Sobretudo quando o protagonista é, ou foi, um político que dividiu as opiniões da sociedade.
A editora Liliana Valpaços defende que "por uma questão de liberdade é sempre melhor que uma biografia seja não-autorizada". Mas há sempre um reverso: uma biografia feita contra a vontade do biografado (ou da família deste) pode ser apresentada como "propaganda hostil". Precisamente na mesma medida em que uma biografia autorizada pode ser remetida para o canto das "hagiografias".