Avião solar já voa sobre o Pacífico

Viagem entre China e Havai deverá durar entre entre cinco e seis dias. Será a etapa mais longa da volta ao mundo neste avião experimental.

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Avião descolou de Nanjing, onde tinha chegado a 21 de Abril, ao completar a sexta de 12 etapas da volta ao mundo JOHANNES EISELE/AFP

A aeronave experimental, que está equipada com 17 mil painéis fotovoltaicos e é capaz de voar de dia e de noite, descolou às 2h39 de Nanjing, onde tinha chegado a  21 de Abril, ao completar a sexta de 12 etapas da volta ao mundo. Já foram percorridos 7000 dos 35.000 quilómetros da aventura e espera-se que agora o avião demore cinco a seis dias a chegar ao seu destino, em voo contínuo.

Esta etapa é a mais longa – são 8172 quilómetros, quase sempre sobre o mar. E a viagem representa um enorme desafio para Andre Borschberg, que passará os próximos dias no minúsculo cockpit, com uma área semelhante à de uma cama de casal, e tentará manter-se acordado a maior parte do tempo, fazendo apenas curtos períodos de sono.

O progresso do avião está a ser constantemente monitorizado a partir de uma sala de controlo no Mónaco e a receber indicações de meteorologistas e de estrategas de voo sobre a melhor rota a seguir.

Na sua viagem em torno do globo, o Solar Impulse tem sido pilotado ora por Bertrand Piccard, o primeiro a dar a volta ao mundo num balão, ora por André Borchsberg, um piloto profissional. Ambos são os líderes do projecto nascido na Suíça e que não tem precedentes na história da aviação.

A missão do Solar Impulse começou no dia 9 de Março, quando o avião partiu para um primeiro percurso até Muscat, em Omã. Em mês e meio, realizou seis trajectos. A partida para o Havai, no entanto, foi várias vezes adiada devido às condições meteorológicas.

Com as asas tão compridas como as de um Boeing 747 mas com o peso equivalente ao de um automóvel grande, o Solar Impulse requer condições do tempo específicas para poder voar em segurança. Em Chongqing, foi preciso esperar três semanas até que o avião pudesse levantar voo para Nanjing.

Borchsberg disse não ter dúvidas de que esta etapa será um desafio. “No fundo, tem principalmente a ver comigo, será uma viagem interior”, disse o piloto à BBC, antes da descolagem, referindo-se ao modo como se vai sentir durante os cinco ou seis dias de voo.

Bertrand Piccard comentou que, como o avião é pilotado por apenas uma pessoa em cada etapa, ela tem de fazer tudo o que é necessário. Falou ainda das dificuldades em lidar com o avião, que, disse, é muito sensível à turbulência.

A BBC realça que se o clima mudar ou se se verificar um problema técnico grave durante uma parte do percurso, Borschberg poderá regressar à China ou aterrar no Japão. Mas que haverá um momento em que essa opção estará fora de causa, e em que Borschberg e a sua equipa de apoio terão de estar preparados para a possibilidade de amarar no Pacífico, se alguma coisa correr mal. Neste caso, o piloto não acompanhará a aeronave, saltará de paraquedas e aguardará por socorro.

Se tiver sucesso na sua missão, baterá vários recordes da aviação, entre os quais o da jornada mais num avião de apenas um lugar.

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