"Escolas baixam notas internas para as fazer coincidir com as externas"

Presidente do Conselho Científico do Iave critica Crato e defende que é "normalíssimo que exista uma diferença de dois ou três valores entre as classificações internas e as que resultam dos exames nacionais.

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A diferenças entre as notas dos alunos nos exames e na escola estão no centro do debate Rui Gaudêncio

João Paulo Leal referia-se ao chamado “indicador de eficácia educativa”, um dos critérios para a atribuição de crédito horário que as escolas podem usar para actividades educativas. Neste caso, a tutela compara os resultados das escolas com a média nacional nos exames, avalia os progressos, de um ano para o outro, bem como as diferenças entre as classificações que os alunos da escola obtiveram nas provas e aquelas que lhes foram atribuídas pelos professores. O número de horas de crédito a atribuir ao estabelecimento de ensino varia em função dos níveis de superação atingidos. Por exemplo: se um agrupamento ou escola do básico conseguir uma média de exame que fique 0,50 pontos (numa escala de 1 a 5) acima da média nacional recebe 30 horas.

Neste sábado, João Paulo Leal considerou esta medida “terrível”. “Haver uma diferença de dois ou três valores a mais na classificação interna em relação à avaliação externa é normalíssimo, não quer dizer rigorosamente nada, não permite tirar ilações. Estranho é que essa variação não exista”, disse, sublinhando que os professores, ao longo do ano lectivo, e na classificação final interna, têm em conta os resultados dos testes sumativos, mas também os trabalhos práticos individuais ou de grupo, a participação e as atitudes dos estudantes, entre outros aspectos. " É normal as escolas enviarem para os pais, no início do ano, estes parâmetros, e o peso de cada um", disse, falando da sua experiência como pai de uma jovem do secundário. Já os exames, contrapôs, referindo-se aos conteúdos programáticos, "avaliam só o primeiro aspecto e não na totalidade".

Voltando a falar da turma da filha, o presidente do CC do Iave, que é um órgão consultivo, disse ter conhecimento de casos "em que as escolas estão a baixar as notas para as fazer coincidir com as notas externas" e até situações em que “um aluno mais fraquito” é impedido de ir, “sequer, a exame, para a pool da escola ser melhor e as notas baterem certo”. “Isto é terrível e muito mais grave do que numa escola haver três pontos de diferença entre a avaliação interna e externa”, afirmou.

Em resposta a uma questão do PÚBLICO, o Ministério da Educação defendeu, através do gabinete de imprensa, que pretende promover uma "aferição entre as notas internas e externas, de forma a aproximar todas as escolas de um padrão nacional, no que se refere à avaliação dos conhecimentos dos aluno". "O crédito referido é adicional e apenas atribui incentivos às escolas para a continuidade do bom  trabalho desenvolvido", acrescenta.

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