Câmara de Valongo cria museu dedicado à regueifa e ao biscoito
Está em causa um investimento de 2,5 milhões de euros, a candidatar a fundos comunitários.
A ideia é convidar os visitantes a “colocar a mão na massa”, num espaço museológico dedicado ao fabrico da regueifa e do biscoito, produtos típicos do concelho de Valongo, distrito do Porto, que preserva várias indústrias e comércio de panificação.
O projecto, que será alvo de uma candidatura a fundos comunitários no âmbito do Portugal 2020, contempla um auditório com capacidade para meia centena de pessoas, uma padaria ‘gourmet’, área expositiva, oficina dedicada à confecção, espaço para restauração e esplanada, entre outros aspectos.
A “Oficina Regueifa e Biscoito” ocupará o antigo quartel dos Bombeiros Voluntários de Valongo, um edifício centenário desocupado desde 1991, localizado no Largo do Centenário, centro do concelho, ou seja um local que os responsáveis consideram “privilegiado” para “atrair visitantes e criar dinâmica económica”.
“O objectivo é que os visitantes sejam profundamente surpreendidos por tudo aquilo que vão encontrar”, disse o presidente da câmara de Valongo, José Manuel Ribeiro, admitindo ter expectativa de que este projecto consiga “atrair mais de 100.000 visitantes anuais, estimular o aparecimento de novos empreendedores e promover internacionalmente o ‘cluster’ da panificação existente no concelho”.
O autarca estima que existam, “à distância de dez minutos a pé”, cerca de uma dezena de biscoiteiras à volta do espaço que será alvo de reabilitação, bem como mais de 40 edifícios identificados como locais onde no passado foi iniciado o fabrico do pão.
A “Oficina Regueifa e Biscoito” pretende ser, avançou José Manuel Ribeiro, um “espaço vivo de tradições, de memória e de acção”, razão pela qual o projecto junta novas tecnologias de informação e multimédia e a reprodução de ambientes dedicados à produção agrícola, moagem e panificação.
Esta sexta-feira, a Câmara de Valongo assinou com a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Valongo (AHBVV) o contrato de constituição de direito de superfície e de promessa unilateral de venda pelo valor de 300 mil euros, a pagar ao longo de 20 anos.
Pela direcção da AHBVV, José Puig admitiu que esta instituição tinha, com aquele edifício, “um problema entre mãos”, lamentando que “o espaço se estivesse a degradar e constituísse perigosidade”, sendo a sua recuperação “incomportável” para uma associação de bombeiros.
“O presidente Armando Pedroso sempre se opôs à venda do edifício no período de euforia da construção civil, dada a sua importância histórica e ainda bem que agora é encontrado um fim público. Ficamos satisfeitos com a decisão de preservar a fachada que tem um grande valor patrimonial”, referiu o responsável da AHBVV.
Na apresentação deste projecto, foram também lançadas pistas sobre a criação de uma futura Área de Reabilitação Urbana (ARU) no eixo antigo da cidade de Valongo, a par da criação de uma Rota Histórica das Padarias e Biscoitarias.