O novo administrador do CCB não está a pensar nos monumentos de Belém
Daniel Vaz Silva é engenheiro civil e vem da Parques de Sintra. Trabalhar nos monumentos do eixo Belém-Ajuda não foi condição para aceitar o convite.
Vaz Silva tem 36 anos, é engenheiro civil e era até aqui uma peça-chave na estrutura da Parques de Sintra-Monte da Lua, empresa pública criada em 2000 para gerir a Paisagem Cultural de Sintra, classificada como património mundial, que o actual presidente do Centro Cultural de Belém (CCB) liderou entre 2005 e finais de 2014. António Lamas chegou ao CCB em Novembro do ano passado com uma dupla função – dirigir a casa que perdera o seu presidente com a morte de Vasco Graça Moura e criar um plano de gestão integrada para o eixo monumental Belém-Ajuda.
Enquanto director técnico para a área do património construído da Parques de Sintra (2007-2015), Vaz Silva era um dos braços direitos de Lamas. Do currículo deste engenheiro formado pelo Instituto Superior Técnico, da Universidade de Lisboa, com uma pós-graduação em Reabilitação, fazem parte os projectos de intervenção mais importantes da empresa nos últimos anos. Entre eles estão quatro palácios: a revitalização do Palácio Nacional de Sintra (2012-2015), o plano de salvaguarda e recuperação do Palácio Nacional de Queluz (2012-2015), as obras de manutenção e conservação do Palácio Nacional da Pena (2007-2015) e a reabilitação do Palácio de Monserrate (2007-2011).
O novo vogal do conselho de administração do CCB esteve ainda envolvido na reconstrução do Chalet da Condessa d’Edla (2007-2012) e na reabilitação do Picadeiro Henrique Calado, na Calçada da Ajuda, em Lisboa, de forma a receber apresentações da Escola Portuguesa de Arte Equestre, um projecto em fase de conclusão.
De acordo com os estatutos da fundação, os mandatos dos administradores têm a duração de três anos, o que significa que Daniel Vaz Silva deverá manter-se em funções até 2018.
A divisão de pelouros entre os membros do conselho de administração – o presidente e dois vogais, Vaz Silva e Miguel Leal Coelho, que tem vindo a assegurar a programação – ainda não foi feita por Lamas, mas é difícil não associar o engenheiro civil especializado em reabilitação ao plano para o eixo Belém-Ajuda.
Respondendo por email às pergunta do PÚBLICO, Vaz Silva garantiu, no entanto, que está no CCB para acompanhar as “áreas técnicas, nomeadamente a modernização de equipamentos e do funcionamento”. Não aceitou o desafio do conselho de administração da fundação a pensar nos monumentos vizinhos: “[Vir para o CCB] não dependeu de nenhuma condição.”
Quanto ao plano de gestão do eixo Belém-Ajuda, o novo administrador diz apenas que está “em preparação”: “[António Lamas] sabe que poderá contar com todo o meu apoio e dedicação em tudo o que puder ser útil.”
Trabalhar no CCB, acrescentou ainda, “é uma honra” e deixar a Parques de Sintra não o preocupa porque “os projectos mais importantes estão concluídos ou em curso” e a equipa que ajudou a recrutar e a formar “tem competência para os levar até ao fim”.
O PÚBLICO tentou falar com António Lamas sobre o seu projecto para a área monumental mais visitada do país, mas o presidente do CCB preferiu não adiantar quaisquer pormenores. Em declarações recentes à TSF, Lamas garantiu que daria a conhecer a sua proposta ao secretário de Estado da Cultura Jorge Barreto Xavier ainda este mês. Não se sabe se antes ou depois de dia 22, data da inauguração do Museu Nacional dos Coches (visitas a partir de 23), cuja abertura considerou prioritária numa entrevista ao PÚBLICO em Novembro do ano passado.