Grécia resiste a cruzar as suas "linhas vermelhas" em novo Eurogrupo

Com um novo pagamento ao FMI esta semana, e pressionado a aceitar fazer reformas contra as suas promessas, Governo de Tsipras está cada vez mais entre a espada e a parede.

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A UE traçou o caminho a Tsipras, mas ele resiste PHILIPPE HUGUEN/AFP

Na terça-feira, a Grécia tem de pagar nova tranche de 770 milhões de euros do empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI), e esta segunda-feira tem de conseguir ultrapassar uma nova reunião do Eurogrupo, com o Banco Central Europeu a ameaçar restringir o acesso de Atenas ao financiamento a não ser que o Governo de Alexis Tsipras demonstre um progresso real para um compromisso – ou seja, que se encaminhe para cruzar as linhas vermelhas que prometeu aos seus eleitores não cruzar.

Schaeuble disse que vai fazer tudo para manter a Grécia no euro e que se a tentativa falhar não será por falta de empenhamento alemão. Mas fazer cortes nas pensões e desregulamentar o mercado de trabalho são as linhas vermelhas de Tsipras – e se ele as cruzar, as facções mais radicais do seu partido ameaçam uma revolta, escreve o jornal britânico The Guardian, a partir de Atenas. “Não tenho dúvidas de que Tsipras está a ter pesadelos por ver-se obrigado a trair ideais que prezou durante toda a sua vida”, comentou ao Guardian Aristides Hatzis, professor associado de Direito e Economia na Universidade de Atenas.

Se em Fevereiro 84% dos gregos apoiavam a estratégia negocial do Governo, uma sondagem Marc conhecida sábado revelava que o apoio desceu para 54%. Mas o Syriza continua a ser o partido mais popular: tem 36%, contra 21% da Nova Democracia, que liderava o anterior governo.

O discurso oficial do Governo grego durante o fim-de-semana foi de optimismo: “Após semanas de dolorosas negociações, se a outra parte o desejar, vamos ver que um acordo está muito próximo e será concluído em breve”, disse ao diário Avgi Euclide Tsakalotos, ministro-adjunto dos Negócios Estrangeiros responsável pelos assuntos económicos, nomeado recentemente coordenador das negociações com os credores da Grécia.

Tsakalotos  reconheceu no entanto que a Grécia e os seus credores continuam “politicamente afastados” no que toca às questões das reformas do trabalho e das pensões”, e que algumas questões “estarão abertas até ao último minuto.” Isso não o impede de esperar que saia “um comunicado positivo” da reunião do Eurogrupo desta segunda-feira.

No entanto, Jeroen Dijsselbloem, o presidente do Eurogrupo, diz que a Grécia ainda não fez o suficiente para merecer novos empréstimos. O melhor que conseguiu dizer foi que esta reunião dos ministros das Finanças dos países do euro sobre a Grécia “não será decisiva”. “Será preciso mais tempo.”

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