Portugal cai, mas continua no top 20 dos melhores países para se ser mãe
O país ocupa a 16.ª posição no relatório da Save the Children. Lisboa é a quinta melhor capital.
O ranking da Save the Children, revelado nesta terça-feira, atribuiu o 16.º lugar a Portugal com base em cinco critérios: a saúde materna e infantil, incluindo a taxa de mortalidade abaixo dos cinco anos, o nível de educação, o bem-estar económico e a participação das mulheres na política do seu país. Segundo dados recolhidos junto de organizações a operar nos países avaliados, em alguns casos até Março deste ano, a Save the Children avança que, no caso português, uma em cada 8800 mulheres morreu durante a gravidez ou o parto e registou-se uma média de 3,8 mortes por cada mil nascimentos. As portuguesas estudam uma média de 16 anos e recebem cerca de 18.900 euros anuais, mais 500 euros do que os valores difundidos em 2014 pela organização. Cerca de 31% dos assentos no Parlamento português são ocupados por mulheres.
No ano passado, Portugal ocupava a 14.ª posição mas este ano caiu dois lugares, depois de ter sido ultrapassado pela Eslovénia e Singapura, em 2014 na 17.ª e 15.ª posições, respectivamente.
A Noruega é considerado o melhor país entre 179 para se ser mãe, seguindo-se a Finlândia e a Islândia. Espanha surge em 7.º lugar, à frente da Alemanha (8.º), Itália (12.º) e Suíça (13.º). A Austrália, em 9.º, é o único país não-europeu a entrar no top 10. Os Estados Unidos estão no 33.º lugar.
As piores condições para a maternidade confirmaram-se na Somália, em último, mas também na Guiné-Bissau, Chade, Costa do Marfim, Mali ou Níger. Segundo a Save the Children, nestes países as condições para mães e crianças são “severas”. Uma em cada 30 mulheres morre devido a complicações na gravidez e uma em cada oito crianças não chega ao quinto aniversário. “Nove dos 11 países no fim da lista são afectados por conflitos ou são considerados como Estados frágeis, o que significa que estão a falhar em aspectos fundamentais para realizar funções necessárias para satisfazer as necessidades básicas dos seus cidadãos”, explica a organização.
No relatório foi ainda criada uma lista com dados sobre a taxa de mortalidade em 25 capitais do mundo com os rendimentos mais elevados. Lisboa surge em quinto num índice liderado por Praga (República Checa), seguida de Estocolmo (Suécia), Oslo (Noruega) e Tóquio (Japão). A média de 3,8 mortes por cada mil nascimentos atribuiu o quinto lugar à capital portuguesa (em Praga a média é de 3,6). No fim da lista surge Washington, Estados Unidos, com uma média de 6,6 mortes por mil nascimentos, cerca de três vezes mais do que as verificadas em Tóquio e em Estocolmo.
No relatório deste ano, a Save the Children sublinha que, todos os dias, morrem 17 mil crianças antes de celebrarem cinco anos. “Cada vez mais, essas mortes evitáveis ocorrem em favelas das cidades, onde a sobrelotação e as más condições sanitárias existem ao lado de arranha-céus e centros comerciais”, indica o documento, sublinhando que, actualmente, metade da população mundial vive em áreas urbanas.
As diferenças no acesso a cuidados de saúde e alimentação equilibrada deixaram de se estabelecer só entre as zonas rurais e as cidades para passarem a ser assinaladas também nos grandes centros urbanos. Segundo a ONG, em 60% dos países em desenvolvimento, as crianças que vivem em situação de pobreza nas cidades têm probabilidades mais baixas de sobreviver do que aquelas que vivem em áreas rurais. Em dois terços dos países analisados, as crianças pobres que vivem em zonas urbanas correm, pelo menos, duas vezes mais riscos de morrer antes dos cinco anos do que as crianças em áreas urbanizadas consideradas ricas.
O ranking encontrou “enormes disparidades” no acesso aos cuidados pré-natais e de obstetrícia. As maiores diferenças no acesso à saúde pré e pós-natal foram encontradas em Nova Deli (Índia), Daca (Bangladesh), Port-au-Prince (Haiti) e em Díli (Timor-Leste). Quando se fala em nutrição infantil, as disparidades mais significativas foram registadas também em Daca, Nova Deli e ainda em Addis-Abeba (Etiópia) e Kigali (Ruanda).
Notícia corrigida às 16h34: Altera valor em dólares (21.200) para valor em euros (18.900).