Arábia Saudita nega envio de tropas para os combates no Iémen
Depois de três dias de confrontos, as milícias que combatem a insurreição xiita lançaram um assalto ao aeroporto. Riad apenas confirma "apoio" às forças governamentais.
A campanha contra a insurreição huthi, que tomou conta da capital Sanaa e tem vindo a conquistar território com o apoio do Irão, levou os combates para as imediações do aeroporto de Aden. O porta-voz das milícias da Resistência Popular do Sul, Ali al-Ahmadi, disse à Reuters que “as forças especiais [do Exército nacional] e os combatentes do Sul treinaram e prepararam uma missão de ‘assalto ao aeroporto’”.
Longe do aeroporto, os confrontos prosseguiram pelo terceiro dia consecutivo nos bairros centrais de Mualla e Khor Maksar, no coração comercial de Aden, e ainda a Norte daquela cidade portuária, onde existem instalações militares.
Ao início do dia, informações veiculadas pelo lado iemenita davam conta da participação de 40 a 50 soldados das forças especiais da Arábia Saudita na operação em Aden – no que configuraria uma significativa expansão do papel da coligação militar liderada pelos sauditas para defender a legitimidade do Presidente Adb-Rabbu Mansour Hadi, expulso da capital em Setembro e entretanto exilado em Riad. Os relatos foram desmentidos pelo brigadeiro general Ahemed Assiri, que insistiu que até ao momento as forças internacionais apenas efectuaram manobras aéreas e que não era previsível o destacamento de tropas estrangeiras em combates terrestres dentro do Iémen.
“Não há elementos estrangeiros a combater em Aden, mas a aliança está a apoiar os esforços das milícias locais e das tribos que combates os huthis”, declarou o brigadeiro saudita, acrescentando que a coligação “continuamente avalia as opções para garantir que a cada momento são garantidos os meios e capacidades necessárias à protecção das tropas e das populações”. Assiri confirmou que os aviões sauditas tinham realizado uma missão para atingir a base militar de Dulaimi, em Sanaa, sob o controlo das forças huthis, bem como de um acampamento dos rebeldes no bairro de Arhab, a Norte da capital.
Desde o final de Março, os sauditas encabeçam uma coligação com outros oito países da região que foi montada para travar o avanço dos rebeldes huthis no Iémen, um país dividido pelo conflito político e sectário: nas Forças Armadas há uma cisão entre os apoiantes do actual Presidente e do seu rival e antecessor Ali Abdullah Saleh; e além do conflito entre os muçulmanos sunitas e xiitas, existe ainda uma “guerra” territorial entre organizações terroristas como a Al-Qaeda na Península Arábica e o Estado Islâmico. Além dos aliados árabes, a missão internacional tem o apoio logístico dos Estados Unidos, Reino Unido e da França.
A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch acusou a Arábia Saudita de ter usado bombas de fragmentação (cluster-bombs) de fabrico norte-americano nos seus ataques aéreos sobre o Iémen. O uso desse tipo armamento, que consiste em pequenas bombas que podem ficar “adormecidas” no chão e só detonar muito tempo (anos) depois, foi rejeitado por 116 países que assinaram um tratado internacional. As Forças Armadas sauditas não se pronunciaram sobre a denúncia da HRW.