TAP assegurou 70% dos voos programados
Dados da empresa revelam que a adesão dos pilotos é menor do que a prevista. Voos de longo curso para Angola, Brasil e Estados Unidos foram assegurados.
Segundo o mais recente ponto da situação, efectuado às 18h no aeroporto de Lisboa, realizaram-se 164 voos, número que inclui as ligações que tinham obrigatoriamente de se realizar a título de serviços mínimos, e foram cancelados 72.
A adesão à greve foi até agora maior na Portugália do que na TAP, um facto que surpreende a administração da transportadora uma vez que as reivindicações dos pilotos não abrangem a primeira companhia. Assim, do total de 72 voos cancelados até às 17h, apenas 31 eram da TAP e os restantes 41 da Portugália. A TAP conseguiu assim realizar 83% dos voos que tinha programados até essa hora, contra apenas 21% da Portugália.
O ministro da Economia e o secretário de Estado Sérgio Monteiro encontram-se ao final do dia com o presidente da TAP, após o que prestarão declarações aos jornalistas. Objectivo: analisar a taxa de adesão à greve, considerada fraca.
"Se a greve tivesse sido cancelada ontem às 20h, o prejuízo contabilizado em reservas perdidas era de 7,5 milhões de euros", revelou o porta-voz da empresa, António Monteiro. Os dados divulgados anteriormente pela TAP davam conta de pelo menos três mil cancelamentos de viagens efectuados só para o primeiro dia de greve.
Apesar de o número de voos efectivamente realizados superar o previsto, é no entanto difícil fazer previsões de como continuará a correr a operação durante o resto do dia, quando os pilotos só têm de comparecer ao serviço com cerca de uma hora de antecedência. Quando não o fazem, a companhia procura encontrar uma tripulação alternativa e só quando isso se mostra impossível é que o voo é cancelado. Ao contrário de situações anteriores, desta vez a empresa optou por não cancelar voos para evitar reembolsos.
Para os passageiros, isto significa que, estando já na porta de embarque, podem ver-se confrontados com o cancelamento da viagem, como aconteceu a muitos nesta sexta-feira.
No primeiro ponto de situação, às 8h da manhã, a TAP já tinha dado a indicação de que havia pilotos a apresentarem-se ao serviço. Até essa hora tinham-se realizado 52 voos, onde se incluíam os serviços mínimos e as viagens de regresso à base, cujo número exacto a TAP não quis precisar. Roma, Paris e Amesterdão foram exemplos de voos feitos fora dos serviços mínimos.
“Tem sido uma gestão muito difícil e estamos a fazer um esforço muito grande para resolver os problemas dos passageiros”, disse ao PÚBLICO a porta-voz da TAP, Carina Correia. “Felizmente, alguns pilotos têm-se apresentado ao serviço.”
Num balanço feito pela transportadora, ao final da manhã, apurou-se que se tinham realizado 118 voos, mais 64 voos do que se previa inicialmente, ou seja, do que estava estipulado nos serviços mínimos, tendo sido cancelados 38 voos dos 156 que, em circunstâncias normais, teriam sido realizados. Entre os voos que já tinham sido assegurados encontram-se os de longo curso com destino a Luanda, São Paulo, Brasília, Porto Alegre e Nova Iorque.
Mas se a TAP recusa comentar a adesão dos pilotos à greve para não entrar naquilo a que chama uma “guerra de números”, já fonte da direcção do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), que convocou a paralisação, disse à agência Lusa que esta está a ser "bastante interessante”, tendo em conta que é o primeiro dia. Sem querer especificar números, garantiu que os voos estão ser comandados sobretudo pelas chefias.
"Quem está a fazer os voos são os pilotos ligados à direcção da operação de voo, que têm tempo limite para voar, o qual será atingido nos próximos dias", especificou a mesma fonte, citada pela Lusa. O SPAC antecipava uma adesão de 90% à greve.
Os pilotos da TAP iniciaram à meia-noite uma greve de dez dias, reclamando a devolução das diuturnidades suspensas desde 2011 e uma fatia entre 10% e 20% no capital da transportadora. Na quinta-feira até à noite mantiveram-se negociações entre os sindicatos, a TAP e o Governo, numa tentativa de travar o protesto.
Numa conferência de imprensa realizada às 20h de quinta-feira, o SPAC acusou a TAP e o Governo de "radicalismo", embora deixando no ar a ideia de que "existe sempre" a possibilidade de um acordo — o que não se verificou.