Saúde 24 quer encaminhar doentes sem médico para “centro de saúde virtual”
Ideia da linha, que assinala oito anos de actividade, é dar resposta aos utentes sem médico de família e que deviam ser encaminhados para os cuidados primários.
O projecto foi apresentado nesta sexta-feira, em Lisboa, durante o balanço do programa Linha Saúde 24 Sénior, que foi lançada há um ano, e quando passam oito anos da inauguração deste serviço de apoio e aconselhamento telefónico. “Actualmente, cerca de 2000 utentes ligam diariamente para a Linha Saúde 24; destes, cerca de 45% são encaminhados para a obtenção de cuidados médicos em centros de saúde. É estimado que 13% destes utentes inscritos nos centros de saúde não tenham atribuído médico de família”, explica a Linha Saúde 24 (808 24 24 24) através de uma nota na qual faz um ponto de situação da actividade.
O comunicado ressalva que o projecto não significa um abandono da ideia de garantir que todos os portugueses venham a ter um médico de família, contrapondo que a ideia pretende apenas “minorar as insuficiências existentes”. Os médicos que venham a estar neste centro de saúde virtual, perante a “situação clínica diagnosticada”, poderiam prescrever “medicamentos ou meios complementares de diagnóstico e terapêutica” e agendar uma visita domiciliária ou uma consulta externa de uma especialidade num hospital. “Como forma de dar valor acrescentado a este projecto, seria utilizado um sistema de videochamada em locais determinados do território nacional, facilitando o acesso e permitindo uma maior confiança por parte dos médicos e dos utentes”, explicita a nota.
Para marcar os oito anos de actividade, a Linha Saúde 24 quer relançar a Linha Doi-Doi? Trim-Trim!, dedicada ao segmento materno-infantil, e está a ultimar os preparativos para tornar operacional um programa de cessação tabágica no âmbito do Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo. O objectivo é fazer uma “triagem, avaliação, elaboração de um plano individual de cessação tabágica e referenciação a serviços de saúde especializados (quando adequado), baseado num serviço de aconselhamento e acompanhamento telefónico” — numa acção que tem o apoio da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.
O administrador da Linha Saúde 24, Luis Pedroso Lima, avançou também com dados gerais sobre o acompanhamento telefónico. Nestes oito anos de actividade, a linha atendeu mais de seis milhões de utentes, com 617.626 contactos a acontecerem em 2014. Em mais de 500 mil telefonemas do ano passado, a chamada serviu para triagem, aconselhamento e encaminhamento. Mas em 64 mil situações os utentes procuravam informações gerais sobre saúde, em 16 mil colocaram questões sobre saúde pública e em dez mil contactos a motivação foi o aconselhamento terapêutico.
Nos primeiros meses de 2015, o volume de chamadas da Linha Saúde 24 continuou a crescer, com um aumento de 12,4% face ao período homólogo. Ao todo, até Abril foram atendidas 243.557 chamadas. Destas, quase 20% foram encaminhadas para urgências hospitalares, 45% para centros de saúde e mais de 30% ficaram em casa com autocuidados apoiados pelos enfermeiros da linha. Nas contas da linha, se todos os utentes que foram para as urgências dos hospitais públicos tivessem primeiro contactado a linha, “extrapolando os resultados de 2014” podiam ter sido evitadas mais de um milhão de urgências. “É importante dar prioridade nas urgências dos hospitais aos utentes triados previamente pela Linha”, defendem os responsáveis.
Em relação à Linha Saúde 24 Sénior, que funciona através do mesmo número mas destinada a maiores de 70 anos e de adesão voluntária, tal como o PÚBLICO noticiou, no primeiro ano de actividade o serviço acompanhou mais de 20 mil idosos e espera chegar a 50 mil em 2015. No total, em média são 1300 as pessoas com mais de 70 anos que diariamente recebem um telefonema de um enfermeiro da rede. A ideia da linha é contactar quinzenalmente os inscritos para avaliar o estado de saúde e outros indicadores e dar o encaminhamento necessário — como ajudar a marcar uma consulta ou apoiar na renovação da medicação. Se os enfermeiros não conseguirem localizar os utentes podem accionar a PSP e a GNR, o que tem sido muito raro.