CAP defende produção agrícola de "qualidade, diversificada e única"
Congresso da confederação aponta caminho para os mercados mais exigentes e com procura de maior valor.
A "Visão 2020 da Agricultura Portuguesa", apresentada esta quinta-feira, no último dia do congresso da CAP, pretende "afirmar a excelência e singularidade da agricultura portuguesa nos mercados de consumo", aumentando a competitividade dos produtos agrícolas "nos mercados de consumo mais exigentes e nos segmentos de procura de maior valor".
O documento centra-se em sectores de produção que se destacam "quer pelo seu carácter único, quer pelo valor incorporado nos processos de produção, quer pela valorização e procura dos mercados internacionais". É o caso das frutas e hortícolas frescos, que viram as suas exportações aumentar de 400 milhões de euros em 2005, para 900 milhões de euros em 2013, ou do tomate de indústria, 95% do qual é exportado.
Já as exportações de vinho atingiram um recorde de 729 milhões de euros em 2014, chegando a 146 destinos, dos quais dez novos mercados. No que diz respeito ao azeite, Portugal encontra-se entre os cinco maiores exportadores, conseguindo a autossuficiência em 2013 e vendendo ao estrangeiro 380 milhões de euros em 2014.
Ainda "insuficiente" em termos de auto aprovisionamento, a produção de milho tem também "uma janela de oportunidade" proporcionada pela barragem de Alqueva. Também mais explorado deve ser o potencial do arroz, já que Portugal é o principal consumidor europeu deste alimento e possui uma variedade exclusiva (Carolino).
Na pecuária, o documento da CAP destaca o crescimento das exportações do sector avícola entre 2002 e 2013 (553% a nível dos pintos e 249% de ovos) e a rentabilidade do sector do leite, que factura cerca de 1300 milhões de euros por ano.
Valoriza também o "enorme capital" dos cerca de 140 produtos com Denominação de Origem Protegida (DOP) "cujas características qualitativas decorrem do saber fazer dos produtores".
O documento refere ainda a posição "destacadíssima" de Portugal na produção de cortiça, que representa mais de metade do total mundial, e a posição "fortemente competitiva" da indústria de pasta e papel que representa 4% do PIB nacional.
O objectivo da CAP para 2020 é conquistar maiores quotas de mercado e aumentar a atractividade do sector, enquanto actividade "com potencial de rentabilidade e capaz de atrair e captar investimento nacional e investimento directo estrangeiro".
O documento foca igualmente a necessidade de valorizar "a dimensão local da produção agrícola e da sua especificidade", mantendo a "base demográfica do território rural" através da diversificação das actividades económicas.