Precisamos de mais mulheres nas tecnologias de informação
As competências específicas das mulheres tornam-nas boas profissionais em muitas áreas em que uma formação superior em TIC constitui uma mais-valia.
Mas de que oportunidades se trata?
A área das TIC é uma das áreas em maior expansão a nível mundial. Os computadores e as comunicações sobre a Internet estão a penetrar em cada vez mais sectores de actividade. E há uma enorme falta de profissionais com formação superior e altamente qualificados nestas áreas, sendo que a tendência é que o problema se vá tornar mais grave. A ex-vice-presidente da Comissão Europeia Neelis Kroes, em muitas das suas intervenções públicas, chamava a atenção para que um dos modos de minorar esta falta de recursos humanos na área é trazer mais mulheres para as profissões ligadas às TIC.
Trata-se de uma área que tem um conjunto de aspectos que são relevantes:
1) É uma área transversal, na medida em que a informática e as comunicações são usadas em todos os sectores de actividade e isso irá aumentar nos próximos anos com a chamada "Internet das Coisas";
2) Há uma enorme falta de profissionais nesta área, havendo imensas oportunidades de emprego, e a tendência é que esta falta de pessoas com formação em TIC aumente;
3) É uma profissão sem fronteiras; enquanto muitas profissões só podem ser exercidas em Portugal ou num número limitado de países. Por exemplo, um jurista é formado com a legislação nacional e torna-se difícil ir trabalhar para outro país; um médico, na maioria das especialidades, precisa de dominar muito bem a língua do país onde exerce; o mesmo acontece com um psicólogo. Pelo contrário, a linguagem dos computadores, da informática e da Internet é universal.
4) Apesar das muitas vantagens, muitas raparigas nem consideram a possibilidade de uma carreira em TIC. No ensino superior português, ao contrário do que acontece na maior parte das áreas em que o número de alunas é maior do que o número de alunos, nas TIC o número de alunas tem sido reduzido.
Neste contexto, o Departamento de Informática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa comemora o “Girls in ICT World Day” no evento Girls in ICT @CiênciasULisboa, em que procuramos alertar as jovens, os seus pais e os professores para as enormes oportunidades de carreira e realização pessoal e profissional que existem nesta área do conhecimento. As competências específicas das mulheres tornam-nas boas profissionais em muitas áreas em que uma formação superior em TIC constitui uma mais-valia, pela sua capacidade de trabalhar em contextos interdisciplinares. Numa época em que as TIC estão a transformar o mundo, as mulheres têm a oportunidade de contribuir de forma activa e significativa na construção do futuro global.
Como curiosidade final: sabia que o primeiro programador da história foi uma mulher, Ada Lovelace, e que o seu nome é usado num prémio para mulheres em informática e, também, como nome de uma linguagem de programação? Com o seu talento, Ada aplicou imaginação poética à ciência e teve um papel fundamental no início da era digital.
Ana Luísa Respício, Ana Paula Afonso, Cátia Pesquita, Dulce Domingos, Teresa Chambel, Pedro Veiga
Professores do Departamento de Informática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa