A violência sexual é cada vez mais uma arma de terror
Relatório da ONU denuncia a estratégia dos grupos extremistas como o Estado Islâmico e o Boko Haram.
Num relatório anual compilado por Zainab Bangura, a responsável dos serviços da ONU que se debruçam sobre a violência sexual em conflitos armados, refere-se, para além do EI e do Boko Haram, a Frente al-Nusra, os shebab da Somália e mais nove grupos armados, numa lista negra de organizações acusadas de violências sexuais.
“O ano de 2014 foi marcado por informações profundamente perturbadoras que dão conta de violações, casos de escravatura sexual e casamentos forçados, levados a cabo por grupos extremistas como táctica de terror”, afirmou Zainab Bangura. As populações civis da Síria, Iraque, Nigéria, Somália e Mali são as mais afectadas por este flagelo.
“A violência sexual faz parte de uma estratégia aplicada pelo EI que consiste em espalhar o terror, perseguir as minorias étnicas e religiosas e suprimir populações inteiras que se opõem à sua ideologia”, explica o relatório da ONU. Este tipo de violência sexual visa em particular mulheres e raparigas da minoria yazidi, a maioria com idades entre os oito e os 35 anos, refere o documento, sublinhando que o EI “utiliza como estratégia de recrutamento de jihadistas a promessa de lhes atribuir uma mulher ou uma rapariga”. A ONU estima que que o EI já terá reduzido à condição de “escravas sexuais” cerca de 1500 mulheres e raparigas no Iraque e na Síria e assinala um aumento regular dos “casamentos forçados entre civis e combatentes estrangeiros nos territórios controlados pelo EI”
Na Nigéria, refere ainda o documento da ONU, “os casamentos forçados, a escravatura e a ‘venda’ de mulheres e raparigas raptadas ocupa um lugar central na estratégia e ideologia do Boko Haram”.
Zainab Bangura também se mostrou preocupada com o agravamento do conflito no Iémen, onde se está a verificar “um aumento acentuado da violência contra as mulheres, incluindo casamentos precoces e forçados, nas zonas afectadas pelos combates”. E também notou que na Líbia, “a actividade de extremistas é muito preocupante, tendo em conta as tendências observadas na região relativas à prática de violências sexuais por parte de tais grupos”.