Peritos contestam caça “científica” à baleia mas Japão quer retomá-la
Desde a moratória à caça comercial da baleia, em 1986, o Japão matou cerca de 13 mil baleias na Antárctida, ao abrigo de uma excepção que permite a caça para fins científicos. Em Março do ano passado, o Tribunal Internacional de Justiça da ONU deliberou que aquela actividade não era científica e ordenou que não fossem mais dadas autorizações de caça ao abrigo do programa japonês então em vigor na Antárctida – o JARPA-II.
O Japão cancelou a época de captura de baleias e elaborou um novo programa científico – o NEWREP-A, que prevê a caça de 333 baleias-anãs por ano. Sob o anterior programa JARPA-II, o Japão poderia matar até 950, mas apenas em 2005 chegou perto deste número. De 2006 até ao ano passado, a média de capturas no mar da Antárctida foi de 380.
Na segunda-feira, um painel científico da Comissão Baleeira Internacional (CBI) concluiu que não havia, no novo programa, dados suficientes para justificar que é preciso matar mais baleias para estudá-las. “A presente proposta não demonstra a necessidade de amostragem letal para atingir os objectivos [do programa]”, escrevem os cientistas da CBI.
O Japão espera convencer os peritos com dados adicionais que serão enviados à CBI, antes de uma decisão final sobre o NEWREP-A, em Maio. “Acredito que avançaremos com o objectivo de retomar a caça à baleia perto do final do ano”, disse o representante japonês na CBI, Joji Morishita, numa conferência de imprensa, citado pela agência Reuters. “Eles [os peritos da CBI] não disseram unilateralmente que não está bem, nem se inclinaram para o outro lado com um ‘vão em frente, façam as investigações que quiserem’”, disse Morishita.
O Japão justifica os seus programas científicos com a necessidade de se conhecer melhor a situação das baleias. O objectivo final é ter dados concretos que permitam retomar a caça comercial, pretendida pelo Japão e por outros países, mas à qual outros se opõem. A Noruega também é outro grande contestatário da moratória, à qual não obedece, ao abrigo de um direito de objecção na Convenção Internacional para a Caça à Baleia.
Apesar da contestação, não existe uma maioria de votos suficiente na Comissão Baleeira Internacional para reverter a moratória em vigor desde 1986.