Varoufakis espera acordo preliminar com o Eurogrupo a 24 de Abril

Ministro das Finanças garante ao FMI que a Grécia irá pagar 450 milhões de euros do seu empréstimo na hora marcada.

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Governo grego está numa corrida contra o tempo para obter novos fundos Francois Lenoir/Reuters

Primeiro, Varoufakis reuniu-se no domingo com a directora geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington. No final do encontro Christine Lagarde emitiu um comunicado em que dizia que o ministro das Finanças grego lhe tinha confirmado que o pagamento de 450 milhões de euros do empréstimo do FMI à Grécia iria ser realizado no dia previamente agendado, ou seja, na próxima quinta-feira.

Nos mercados, existia o receio de que a amortização destes 448 milhões de euros a 9 de Abril fosse a gota de água que faria transbordar o copo nas finanças públicas da Grécia. Várias notícias, incluindo entrevistas de membros do Governo grego, que depois foram sendo desmentidas, indicavam que Atenas poderia, caso os países da zona euro não libertassem uma nova tranche do empréstimo esta semana, ser colocada perante um dilema: ou não pagar ao FMI ou ficar sem dinheiro para pagar pensões e salários no fim do mês.

Num cenário em que um acordo entre a Grécia e o Eurogrupo ainda não foi obtido, a garantia de Varoufakis de que a Grécia pagará esta quinta-feira ao FMI parece indicar que o espaço de manobra financeiro de Atenas é um pouco maior do que aquilo que vinha sendo antecipado pelos mais pessimistas.

E o ministro das Finanças fez questão de dar ainda um outro sinal de que há dinheiro para fazer face aos compromissos durante, pelos menos, mais duas a três semanas. Numa entrevista ao jornal grego Naftemporiki, citada pela Reuters, Varoufakis disse que “na reunião do Eurogrupo de 24 de Abril deverá haver uma conclusão preliminar [das negociações], tal como ficou definido no acordo de 20 de Fevereiro”.

Até aqui, quando se falava de uma data para a obtenção de um acordo entre a Grécia e os outros países do euro, referia-se o fim de semana da Páscoa (a da igreja ortodoxa grega que se festeja este ano entre 10 e 12 de Abril) como o limite.

Afinal, a pressa parece não ser tanta, apontando-se para um acordo, ainda para mais preliminar, já mais perto do final do mês de Abril. Quando se chegou a um acordo para uma extensão do programa, ficou definido que era até ao fim de Abril que se teria de chegar a uma aprovação pela Eurogrupo para a libertação da última tranche do empréstimo à Grécia.

Apesar de serem apenas mais algumas semanas, o facto de haver um pouco mais de tempo para as duas partes chegarem a um acordo não pode deixar de ser visto como um alívio para quem temia a ocorrência a qualquer momento de um “Grexident”, o nome que já foi dado a uma saída do euro iniciada pela falha não intencional da Grécia nos pagamentos da sua dívida. Por exemplo, se a Grécia não conseguisse pagar ao FMI na próxima quinta-feira, seria bastante provável que o BCE anunciasse imediatamente que cortava a linha de crédito de emergência que tem vindo a conceder aos bancos gregos. Nesse cenário, uma corrida aos depósitos tornar-se-ia inevitável e a Grécia ficaria a uma distância muito curta de se ver forçada a sair do euro.

Ainda assim, continua a haver o receio de que, mesmo com o final do mês como prazo limite, não seja possível a Grécia convencer os seus parceiros europeus a aceitarem como bom o plano de medidas e reformas que foi apresentado na semana passada. Todos os intervenientes têm dito que a distância entre as partes é ainda considerável.

No comunicado emitido pelo FMI, era dito que as negociações, tanto em Bruxelas como em Atenas, prosseguiram nesta segunda-feira.

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