147 mortos em ataque da Al-Shabab a universidade do Quénia
Terminou o cerco à universidade de Garissa, no Nordeste do Quénia. Morreram 147 pessoas e há 79 feridos, entre eles nove estudantes em estado crítico.
O grupo armado com ligações à Al-Qaeda e com base na Somália (a 150 quilómetros de Garissa) atacou as instalações da universidade durante a madrugada. No pico das operações, quando apenas se contavam no exterior 280 dos 587 estudantes (então falava-se de 815, o número total de estudantes da universidade), a milícia extremista afirmou que deixara partir os muçulmanos e que fizera apenas reféns cristãos. Ao final da manhã, o porta-voz da Al-Shabab dizia que havia “muitos corpos de cristãos dentro do edifício”.
Durante a madrugada, os homens armados invadiram os dormitórios. Uma vez no interior, terão executado vários estudantes, ao longo do que parece ter sido um processo de triagem religiosa.
UPDATE: 147 fatalities confirmed in the Garissa Attack. Plans are underway to evacuate students and other affected persons.
— Disaster Operations (@NDOCKenya) 2 abril 2015
Testemunhas que conseguiram fugir dos dormitórios durante o ataque contaram à Associated Press (AP) que os homens armados iam de quarto em quarto perguntando quem era muçulmano e cristão. "Se fosses cristão eras morto no local", disse uma testemunha não identificada pela agência. "Com cada disparo da arma pensava que ia morrer", contou ainda à AP.
As autoridades quenianas acusaram Mohamed Mohamud de ser o arquitecto do ataque à universidade de Garissa e anunciaram uma recompensa de quase 200 mil euros para a sua captura. De acordo com a BBC, Mohamud foi o reitor de uma escola islâmica, também em Garissa, antes de se ter juntado a grupos islamistas na Somália e, mais tarde, à própria Al-Shabab.
A Al-Shabab tem lançado vários ataques em Garissa e em outras cidades quenianas – um dos mais violentos aconteceu em Setembro de 2013 no centro comercial Westgate, em Nairobi, que fez 67 mortos e 175 feridos.
O Quénia integrou a força da União Africana enviada para a Somália com o objectivo de combater a Al-Shabab. Este grupo jihadista chegou a controlar a capital, Mogadíscio, mas foi expulso da zona Sul da Somália em 2011. Nos últimos anos, a milícia islamista tem conduzido cada vez mais ataques fora do território da Somália.
Help us find him. #GarissaAttack pic.twitter.com/Z9wMmK5ELT
— InteriorCNG Ministry (@InteriorKE) 2 abril 2015
A Al-Shabab atacou o Nordeste do Quénia também em Novembro e, pela última vez, em Dezembro. Neste último ataque, e como é prática do grupo extremista, os homens armados separaram os muçulmanos dos cristãos. O ataque aconteceu numa pedreira e foram mortos 36 cristãos.