Portugueses “não almoçam percentagens”, avisa o PS

Governo prepara apoios a empresas em Angola.

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Ferro Rodrigues quer plataforma alargada que defenda a reestruturação da dívida pública Enric Vives-Rubio

O socialista considerou que o “verdadeiro desemprego é uma realidade terrível” e que nesta matéria o país “recuou 20 anos”. Na resposta, Passos Coelho recusou a ideia de que os dados do INE sejam um “embaraço” para o Governo e desafiou o PS a reconhecer o crescimento da economia. “A minha expectativa era que ao fim deste tempo todo o PS pudesse admitir que a economia está a crescer. Todas as instituições estão a rever em alta o crescimento para o corrente ano: 1,5% é o patamar mínimo”, afirmou, referindo ainda esperar a explicação do INE para a correcção da estatística.

Às referências de Ferro Rodrigues sobre a queda do PIB em 2012 e 2013, Passos contrapôs com os números de 2014 e de 2015 que mostram a “recuperação” da economia. O líder da bancada socialista rematou: “Só gosta de percentagens. Mas o que as pessoas comem são valores absolutos, não são percentagens. Ninguém almoça nem janta percentagens.”

Durante a interpelação do PS ao Governo, o deputado socialista João Galamba fez alguns apartes a que Passos Coelho acabou por reagir. “Não sei quem é o deputado que está sempre excitado. Ah, é o senhor deputado Galamba, mais uma surpresa neste debate", comentou Pedro Passos Coelho olhando em volta. O parlamentar foi alvo de uma advertência por parte da presidente da Assembleia da República: "Os apartes sistemáticos boicotam a intervenção do orador."

Ferro Rodrigues saiu em defesa do socialista: "A deselegância política e pessoal do primeiro-ministro em relação ao deputado João Galamba não tem nenhuma espécie de aliança nesta bancada". E avisou: "O senhor tem de respeitar todos os deputados, um a um. E o deputado João Galamba é um grande deputado deste Parlamento", defendeu o presidente da bancada do PS.

Pela voz da coordenadora do BE, as palavras da ministra das Finanças de que Portugal tem os cofres cheios ecoaram no hemiciclo. Catarina Martins pediu esclarecimentos sobre o significado da expressão e Passos Coelho justificou com a confiança dos mercados e a intenção de antecipar os reembolsos dos empréstimos. “No final do ano passado estava em 17 mil milhões de euros, o que o Estado gasta em ano e meio em toda a saúde e educação. Isto já não é a almofada. São os lençóis, a cama, o quarto, a casa toda”, retorquiu Catarina Martins, usando a imagem do “Tio Patinhas a mergulhar nas moedas” para aludir a Maria Luís Albuquerque. “Por que é que um bocadinho dessa almofada não pode servir para pagar um bocadinho a quem trabalhou toda a vida e para devolver os cortes nos salários?” questionou a bloquista. Passos recorreu à sátira para responder: “Apenas para provocar a irritação dos portugueses e o gáudio da oposição. Não sei se é esta a resposta irónica que lhe serviria.”

O CDS-PP questionou o primeiro-ministro sobre o Plano Nacional de Reformas que o Governo tem de apresentar em Abril, em Bruxelas, em conjunto com o Programa de Estabilidade e Crescimento. Passos aproveitou para anunciar que desafiou os partidos a dar contributos para esse documento e que pretende agendar um debate na Assembleia da República sobre a matéria. Uma lança directa para o PS, já que o primeiro-ministro quer clarificar “quais as opções que cada um quer prosseguir em matéria de reformas de médio prazo e do programa de estabilidade”. E, sobre isso, “o Governo está muito confortável nas respostas que trará ao plenário”.
 
Governo prepara apoios a empresas em Angola
O primeiro-ministro afirmou, esta quarta-feira, que o Governo português está a trabalhar em cooperação com o executivo de Angola para apoiar as empresas portuguesas naquele país que estão em dificuldades financeiras.

“Estamos a estudar várias soluções para isso. Algumas exigem soluções de cooperação com Angola”, afirmou, acrescentando que o Governo está a “trabalhar” com o executivo angolano. “Muito proximamente o Governo estará em condições de anunciar medidas para minorar” os efeitos das dificuldades sentidas naquele país, sobretudo por causa da descida do preço do petróleo.

Passos Coelho respondia assim ao líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, que o tinha questionado sobre qual o acompanhamento que o Governo está a fazer sobre a situação.

“Há outras soluções que dependem só de nós, se elas não tiverem um peso orçamental muito grande. Estamos justamente a analisar a possibilidade de podermos estender algumas garantias através das sociedades de garantia mútua para poder em termos de tesouraria suportar uma parte do risco cambial que está inerente às formas de solver responsabilidades de tesouraria de curto médio prazo para muitas dessas empresas, sobretudo pequenas e médias empresas”, afirmou.

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