Tropas iraquianas recuperam Tikrit
Batalha pela cidade é um passo fundamental da guerra contra o Estado Islâmico. ONU conseguiu metade do dinheiro que pediu para ajudar refugiados sírios.
Mas ainda não terminou a luta para controlar toda a cidade natal de Saddam Hussein, que se tornou uma das batalhas mais importantes da guerra contra o Estado Islâmico. O exército iraquiano e as milícias xiitas, apoiadas pelo Irão, conseguiram desalojar os jihadistas da sede do governo da província de Salahuddin, da qual Tikrit é a capital. Mas, após um mês de batalha, ainda permanecem alguns combatentes sunitas do grupo que começou a conquistar território na Síria e no Iraque a partir de Junho passado, declarando um califado.
Pelo menos três bairros continuam sob domínio do Estado Islâmico, bem como um complexo de palácios no Norte da cidade, diz a Reuters. Estimava-se que Tikrit estava a ser defendida por uma força de 500 a 700 jihadistas.
Quanto mais as forças de Bagdad penetram na cidade, mais aumenta o risco de emboscadas – algo que tem sido constante nesta batalha. Além de continuarem a existir atiradores furtivos, as forças iraquianas temem que os militantes sunitas tenham deixando bombas prestes a detonar para cobrir a sua retirada, e uma extensa rede de túneis e abrigos subterrâneos tem dificultado o avanço das forças do Governo.
Apesar de os ataques aéreos da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos terem sido fundamentais para recuperar a cidade curda de Kobane, na Síria, tomada também pelo Estado Isâmico, os norte-americanos não foram bem-vindos a esta operação para retomar Tikrit. As milícias xiitas consideraram que os americanos lhes retirariam protagonismo.
Assim, inicialmente, não houve bombardeamentos da coligação internacional que está a combater o Estado Islâmico e, quando os houve, na quinta-feira passada, a pedido do primeiro-ministro iraquiano, algumas milícias xiitas retiraram-se da operação, para regressar só nos últimos dias – depois de Abadi prometer mandar embora os aviões internacionais.
3900 milhões para a Síria
O Estado Islâmico liga o Iraque e a guerra na Síria que, após quatro anos de combate, deixou quatro em cada cinco cidadãos sírios a “viver na pobreza e na miséria”, como sublinhou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, na abertura da terceira conferência de dadores para a Síria. A ONU fez um pedido urgente de 8400 milhões de dólares (7800 milhões de euros) para ajudar os mais de dez milhões de refugiados ou deslocados sírios causados pela guerra – ou seja, cerca de metade dos 23 milhões de sírios.
O resultado deste apelo ficou aquém das necessidades, embora a generosidade dos dadores tenha aumentado muito em relação ao ano passado: na conferência realizada no Kuwait, a ONU obteve ao todo 3800 milhões de dólares (cerca de 3500 milhões de euros). Este valor é quase igual ao obtido nas duas anteriores conferências de dadores, que totalizaram 3900 milhões de dólares.
A União Europeia comprometeu-se a duplicar a sua ajuda em 2015, para 1100 milhões de euros, contra 550 milhões em 2014. “As necessidades são imensas, é necessário um esforço excepcional”, afirmou o comissário europeu para a Ajuda Humanitária, Christos Stylianides. Em quatro anos, 11,5 milhões de pessoas fugiram das suas casas, e 3,9 milhões de sírios estão refugiados nos países vizinhos da Síria.