Ministério recua e torna facultativos testes de Inglês que antes eram obrigatórios
Sindicatos de professores estão outra vez divididos.
Em comunicado divulgado ao princípio da noite, a FNE justifica a decisão pelo facto de o Ministério da Educação e Ciência (MEC) ter aceite, durante uma reunião que se prolongou ao longo do dia, que os testes que os próprios professores estavam obrigados a fazer passem a ser facultativos. Na reunião participou também o ministro Nuno Crato.
O gabinete de imprensa do MEC confirmou ao PÚBLICO o compromisso anunciado pela FNE em comunicado.
Para além de terem de frequentar acções de formação, promovidas pelo Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) em conjunto com a Universidade de Cambridge, os docentes estavam inicialmente obrigados a realizar uma prova para avaliar a sua proficiência linguística e só os que a realizassem e fossem certificados poderiam classificar o teste de Inglês do 9.º ano (Preliminary English Test), também elaborado por aquela universidade inglesa.
Segundo a FNE, o MEC deixou cair esta obrigação. A realização dos testes de certificação para professores passa a ser facultativa, anunciou.
Já a Federação Nacional de Professores (Fenprof), ligada à CGTP, anunciou, também nesta quarta-feira, que já entregou no MEC um pré-aviso de greve a todo o serviço docente relacionado com o teste de Inglês do 9.º ano, que será válido entre 7 de Abril e 6 de Maio e é subscrito por mais seis organizações sindicais.
A Fenprof tem agendada uma reunião no MEC para terça-feira sobre este processo. “Se o que nos têm a comunicar foi o que disseram à FNE mantemos a greve”, indicou ao PÚBLICO o secretário-geral Mário Nogueira.
“Considerámos um abuso os professores estarem a ser obrigados a fazer estes testes de certificação quando todos eles têm habilitações reconhecidas, mas não foi só por isso que convocámos esta greve. Fizemo-lo também porque têm sido obrigados a frequentar acções de formação com prejuízo das suas próprias aulas e porque não podem ser forçados a fazer um trabalho que resulta num acréscimo em relação ao que lhes estava atribuído”, explica.
Para Nogueira, é também significativo que o ministério recue numa altura em que está praticamente concluído o processo de formação/certificação imposto antes aos docentes. “Como quase metade dos professores seleccionados faltaram aos testes provavelmente não tiveram outro remédio senão recuar. Porque a alternativa era não terem professores para aplicar os testes aos alunos”, comentou.
Segundo o IAVE, foram seleccionados 2150 docentes para participar nas acções de formação que culminavam com a realização dos testes de certificação. A maior parte delas já se realizou.
No seu comunicado a FNE dá conta também que os resultados dos testes de certificação não serão “nem eliminatórios, nem públicos, e que de qualquer modo não condicionarão a sua participação na aplicação dos testes aos alunos”.
Por outro lado, acrescenta, aos “professores classificadores envolvidos em todas as componentes do teste do 9.º ano (escrita e oral) será alargado o período de dispensa da componente não lectiva de oito para 12 dias”. Este período em que são dispensados de reuniões e outras actividades extra-aulas é suplementar em relação à dispensa para os dias em que aplicará o teste do 9.º ano.
Já a Fenprof considera que os professores estão a viver uma “situação de bullying” exercida pela Universidade de Cambridge por estarem a ser obrigados, durante as férias da Páscoa, “a repetirem, até à exaustão, o que fizeram na formação, com repetições sucessivas dos exercícios”.
“Este treino intensivo, feito numa plataforma criada para o efeito pelo Cambridge English Language Assessment, consiste na classificação de diversos tipos de exercício podendo chegar aos 300 exercícios por dia, e a um total de 5000”, especificou.