Linhas urbanas e masculinas na primeira noite da ModaLisboa
O Inverno 2016 dos criadores portugueses despontou no masculino, com preto e branco como tons dominantes. A noite encerrou com o veterano Dino Alves.
Com a sala de desfiles renovada — agora maior, num quadrado longo com candelabros no tecto e cadeiras adornadas de dourado a encher a plateia —, a maioria escolheu vestir os homens: Inês Duvale vestiu-os com silhuetas oversize e a estreante Duarte escolheu calças e casacos brilhantes e azul eléctrico. Também no masculino, Patrick de Pádua, pegou no hip hop da música de fundo e criou uma linha de streetwear com gorros pretos a mostrar apenas os olhos, tatuagens nos corpos e laranja, preto e verdes secos nas roupas. A sua colecção Promises foi escolhida para estar em Junho de 2015 no festival holandês Fashion Clash, com Inês Duvale.
O designer Ricardo Andrez, da plataforma LAB – de micromarcas tendencialmente mais transgressoras – escolheu pôr homens e mulheres carecas para "uniformizar" e "dar destaque aos coordenados", explicou no final do desfile, numa colecção onde todos vestiram saias pretas fluidas. Andrez trabalhou pela primeira vez o denim, misturou algodão com lã e juntou bolsos termocolados e impressões 3D a uma paleta fria, de cores citadinas.
Olga Noronha e Catarina Oliveira deram o salto do Sangue Novo para o LAB e desfilaram no Salão Nobre da Câmara de Lisboa. Com cerca de uma hora e meia de atraso, Olga Noronha apresentou novamente uma colecção para amar ou odiar, tal como a descreveu em Outubro, quando usou acessórios com luzes LED. Desta vez as modelos vestiram coordenados em tecido bege, alguns com tracejado, recortados a meio do desfile para revelar peças interiores em plástico PVC, encontrado em câmaras de refrigeração de talhos e supermercados, com cristais bordados à mão. Segundo a designer que tem também uma marca de joalharia medicamente prescrita em Londres, a ideia foi mostrar o mapa arterial em três dimensões. Já Catarina Oliveira vestiu homens de tons azuis e verdes claros.
A noite fechou num arco-íris rodeado de preto. O criador Dino Alves pediu a todo o público, convidados e jornalistas para se vestirem de negro dos pés à cabeça – antes do desfile, a equipa da ModaLisboa pediu, a quem não cumpriu o requisito, para descalçar sapatos brancos ou retirar acessórios de outra cor. Sinos de igreja deram o sinal de entrada para os manequins: as primeiras foram camponesas vestidas de preto, com xailes e mantas com materiais carregados. Sucederam-lhes mulheres e homens coloridos, do amarelo ao rosa forte, com túnicas, chapéus e tecidos fluidos em mangas ou vestidos e apontamentos de franjas ou entrançados em lã.
Este sábado é a vez dos veteranos com Valentim Quaresma a abrir o dia na Casa da Balança, seguido de Alexandra Moura, Ricardo Preto e o ausente da última temporada, Aleksandar Protic, no Pátio da Galé.