Assange será interrogado pelas autoridades suecas na embaixada do Equador

É o primeiro desenvolvimento no caso das alegações de ofensas sexuais contra fundador da WikiLeaks desde que este está exilado na embaixada do Equador.

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Assange está exilado na embaixada do Equador de Londres desde Agosto de 2012 Luke MacGregor/Reuters

Desde Novembro de 2010 que Assange deseja dar este passo, mas os seus pedidos esbarraram sempre na vontade dos procuradores suecos. Marianne Ny, procuradora-chefe no caso, considerou que um interrogatório na embaixada do Equador não teria a qualidade desejável e que, no caso de Assange ser acusado e levado a tribunal, este teria de estar em território sueco.

Mas Marianne Ny mudou de estratégia e, nesta sexta-feira, enviou um pedido de interrogatório e outro de recolha de ADN aos advogados de Assange. A razão prende-se com o facto de alguns dos crimes pelos quais poderia ser visado Assange poderem prescrever em Agosto de 2015, anunciou a procuradora-chefe em comunicado. 

O pedido de interrogatório será agora avaliado pela embaixada do Equador e pelas autoridades britânicas. Espera-se que este pedido seja aprovado. De acordo com o Guardian, tanto o Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico como as autoridades equatorianas já anunciaram várias vezes que estariam dispostas a aceitar uma proposta desta natureza. O advogado de uma das mulheres que apresentaram queixa contra Assange já pediu a todos que não percam tempo e avancem o mais rapidamente com as diligências para viabilizar o interrogatório, de modo a evitar a prescrição dos crimes.

Este é o primeiro desenvolvimento no caso das alegações de violação e abuso sexual feitas contra o fundador da WikiLeaks desde que este se encontra exilado na embaixada do Equador. Em 2012, Assange foi detido em Londres, mas foi libertado depois sob caução. Em Agosto, o Equador aceitou o seu pedido de exílio na sua embaixada de Londres, por entender que os seus direitos humanos poderiam ser violados caso este fosse extraditado para a Suécia. 

Assange não é ainda alvo de qualquer tipo de acusação por parte das autoridades suecas. Para o seu advogado, este interrogatório “é algo que já reclamávamos há quatro anos. É o caminho a seguir para que ele [Assange] seja inocentado”, disse Per Samuelsson, em declarações ao jornal Aftonbladet.

O que está em causa são queixas apresentadas por duas mulheres suecas contra Assange sobre acontecimentos que se terão dado em Agosto de 2010 no país. Em cima da mesa estão duas possíveis acusações de abuso sexual e uma de violação. É devido a estas alegações que existe um mandato de detenção europeu sobre Assange. 

Em todo o caso, antes de se chegar a uma acusação, o fundador do WikiLeaks terá de ser investigado. Só na eventualidade de serem encontrados indícios será Julian Assange, um cidadão australiano, julgado na Suécia.

Assange recusa-se a viajar para a Suécia e ser interrogado no âmbito destas alegações. O fundador do WikiLeaks afirma que, ao fazê-lo, poderá ser depois extraditado da Suécia para os Estados Unidos, onde enfrentaria um julgamento severo e, possivelmente, a pena de morte pelos dados divulgados através do WikiLeaks. 

Existe actualmente um pedido de reavaliação do mandato europeu de detenção sobre Julian Assange no Supremo Tribunal da Suécia. Em 2014, um tribunal de segunda instância sueco recusou o pedido de suspensão do mandato, argumentando que há um risco de Julian Assange tentar evitar a investigação em curso. 

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