Pela primeira vez, temos menos de 20 casos de tuberculose por 100 mil habitantes
Distritos do Porto e de Lisboa continuam a ter taxas de incidência superiores à média nacional, pelo que a luta contra a doença "não pode abrandar", avisa DGS.
Mesmo admitindo a possibilidade de atrasos de comunicação, a DGS sublinha que a taxa deverá situar-se abaixo de 20 novos casos por 100 mil habitantes, que é considerado o limiar da baixa incidência a nível internacional. “Portugal era, até ao momento, o único país da Europa Ocidental com valores de incidência de tuberculose superiores àquele valor, pelo que esta conquista assume especial relevo”, frisa a DGS, em comunicado.
"Éramos os únicos acima daquela linha, todos os anos nos lamentavamos", corrobora Raquel Duarte, coordenadora nacional para a luta contra a tuberculose, que está satisfeita com estes números, mas não deixa de avisar que ainda há muito trabalho a fazer. Os distritos do Porto e de Lisboa continuam a ter incidências de tuberculose superiores à média nacional, pelo que a luta contra a tuberculose "não pode abrandar”. "É preciso garantir que a estrutura se mantém e não se deixa desmantelar", alerta Raquel Duarte, que explica que o elevado número de doentes nos distritos do Porto e de Lisboa era de esperar, porque os casos "concentram-se habitualmente nos grandes centros urbanos e nos grupos de risco".
No dia mundial da tuberculose, em Março do ano passado, os responsáveis da DGS já destacavam o facto de Portugal estar “à beira de um momento histórico” no combate à infecção com o bacilo de Koch. Em 2013 tinham sido notificados 2195 novos casos de tuberculose, uma incidência de 21,1 por 100 mil habitantes, mas que representava uma diminuição de 7% face ao ano anterior.
Entre 2011 e 2012 observou-se um "atraso claro no decréscimo (a redução foi de apenas 0,5%)", mas, de resto, a diminuição tem sido sustentada ao longo dos anos, frisa a pneumologista. Para se ter uma ideia da evolução ocorrida no país, basta ver que em 1995, por exemplo, Portugal registava 5577 casos (55,3 por 100 mil habitantes). No entanto, ainda estamos longe do panorama observado noutros países europeus, que têm taxas de incidência inferiores a 10 casos por 100 mil habitantes.
Raquel Duarte sublinha, a propósito, que a meta é "chegar à eliminação da tuberculose, como aconteceu com outras doenças infecciosas". "Temos fármacos que curam, temos meios de diagnóstico e temos formas de prevenir o contágio", elencou. Apesar de o tratamento ser demorado (seis meses em que a toma dos fármacos deve ser directamente observada para se evitar o risco de desenvolvimento de resistências), os casos de multiresistência também têm vindo a diminuir ao longo dos anos.
No próximo dia 24, dia mundial da tuberculose, a DGS vai apresentar o "perfil" da doença em Portugal.