CaixaBank desvaloriza posição de Isabel dos Santos e diz que "jogo ainda agora começou"

Empresa ainda não confirmou nem desmentiu alegada proposta de fusão entre BPI e BCP.

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Oferta de aquisição lançada pelo BPI pode ter oposição de Isabel de Santos. Público

Isidre Fainé falava na apresentação do plano estratégico do banco catalão para o quadriénio 2015-2018, na tarde de segunda-feira, uma sessão cujo conteúdo ficou embargado até às 8h desta terça-feira.

À mesma hora em que o CaixaBank apresentava o seu plano estratégico, o Expresso avançou a notícia de que a empresária Isabel dos Santos (accionista do BPI através da Santoro), queria "travar" a intenção de OPA dos catalães, propondo aos accionistas do BPI uma fusão com o BCP.

Questionado pela Lusa sobre se esta posição significa que um acordo entre o CaixaBank e a Santoro está mais longe, Isidre Fainé, disse que não, porque "o jogo ainda agora começou". "Não creio que essa notícia signifique isso [que um acordo está mais longe]. Acabámos de iniciar o jogo e durante um jogo há momentos que a uns parece uma coisa e a outros o contrário. Há essa notícia, mas eu tenho um input diferente desse", respondeu o presidente do banco catalão, que detém 44,1% do BPI.

Fainé disse ainda que "há que esperar que a OPA corra o tempo que tem de ser". "Serão os factos a mostrar o que realmente vai acontecer", sublinhou.

Por outro lado, o administrador-executivo do CaixaBank, Gonzalo Gortázar, admitiu que, a concretizar-se com êxito a OPA sobre o BPI, o banco catalão poderá ter fazer um aumento de capital. "Entre as medidas para o BPI, obviamente que uma ampliação de capital é uma das possibilidades, dependendo do resultado da oferta", admitiu.

Isidre Fainé acrescentou que o banco comprometeu-se a ter um rácio Fully Loaded Common Equity Tier 1 nos 11% após a concretização da OPA e que pretende manter essa ideia. "Faremos uma ampliação de capital quando for conveniente fazê-lo. Já dissemos que temos de ter um Common Equity Tier 1 nos 11% e essa continua a ser a nossa ideia. Sempre que convenha vamos fazê-lo", disse.

No passado dia 17 de Fevereiro o CaixaBank anunciou a intenção de lançar uma OPA sobre os 55,9% do capital do BPI que ainda não detém, mas enumerando duas condições: conseguir pelo menos 50,01% do banco português e obter o desbloqueio dos direitos de voto no BPI, que lhe estão limitados a 20%, iniciativa para a qual precisa do apoio da empresária angolana, que detém 18%.

Ou seja, o banco catalão ofereceu 1,329 euros por cada acção do BPI para obter pelo menos mais 5,9% do capital do banco português, mas tem de conseguir três quatros dos votos (75%) na assembleia-geral de accionistas do BPI a favor da desblindagem dos estatutos. Nessa assembleia, o CaixaBank ainda exercerá os direitos relativos a apenas 20% dos votos.

Gonzalo Gortazar reafirmou, no encontro com os jornalistas, que o banco catalão pretende que o BPI se mantenha como marca própria, cotado em bolsa em Lisboa, caso a OPA que lançou sobre o banco português avance com êxito.

O plano estratégico 2015-2018 do banco catalão prevê obter uma rentabilidade entre 12 e 14% (actualmente é de 3,4%) e uma contenção de custos capaz de colocar o rácio de eficiência abaixo dos 45%.

O plano, que visa colocar o banco catalão como "líder em confiança e rentabilidade", assenta em cinco pilares estratégicos: focar o negócio no cliente (qualidade de serviço e reputação), gerir activamente o capital, liderar a digitalização da banca, formar e manter a equipa e conseguir uma rentabilidade recorrente acima do custo do capital.