Obama diz que Irão deve suspender nuclear durante pelo menos uma década
Teerão rejeitou hipótese levantada por Obama. Presidente norte-americano diz que primeiro-ministro de Israel estava errado quando se opôs a um acordo provisório com o Irão.
O Governo de Teerão rejeitou horas depois o prazo indicado por Obama, considerado "ilógico", segundo declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif, à agência estatal Fars, citado pela Reuters. "A posição de Obama (...) é expressa em frases ameaçadoras e inaceitáveis", disse o ministro, reiterando que "o Irão não vai aceitar exigências excessivas e ilógicas". Zarif garantiu que "Teerão irá continuar as negociações nucleares com os seis poderes".
Numa entrevista à Reuters em que, na segunda-feira, apresentou a exigência de o Irão "manter o seu programa no ponto em que está por um período de anos de dois dígitos”, Obama procurou afastar tensões sobre o assunto com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
O chefe do Governo israelita, que esta terça-feira discursa no Congresso norte-americano, já anunciou que considera ter “obrigação moral” de falar contra um acordo com o Irão.
Por seu lado, o Presidente dos EUA disse que a posição de Netanyahu não causará danos permanentes no relacionamento com Israel mas sublinhou que há um “desacordo substancial” sobre a forma de impedir o Irão de obter armas nucleares.
Obama disse que o primeiro-ministro de Israel estava errado quando no passado se opôs a um acordo provisório. “Netanyahu fez todo os tipo de afirmações – que ia ser um entendimento terrível, que ia resultar numa ajuda de 50 mil milhões de dólares ao Irão, que o Irão não ia cumprir o acordo.” Porém, disse, nada disso aconteceu. “Neste período, não houve avanço do programa iraniano. Em muitos aspectos, reverteu o seu programa.”
O prazo para um acordo político desejado por Washington para a limitação do desenvolvimento das competências nucleares de Teerão, a troco de alívio das sanções, termina no final de Março e um acordo técnico deveria ficar concluído até ao final de Junho. As conversações com o Irão têm decorrido no quadro do chamado grupo dos 5+1 (China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha).
A administração norte-americana considera, como sublinhou na segunda-feira a conselheira nacional para a Segurança de Obama, Susan Rice, que “não há alternativa ao acordo” para “impedir duradouramente o Irão de prosseguir o seu programa nuclear”. Ao contrário, Nethanyau, em plena campanha eleitoral, pensa que os esforços diplomáticos são um sinal de que os Estados Unidos desistiram de impedir que o Irão consiga produzir bombas atómicas.