Alunos da Soares dos Reis protestam por melhores condições
Manifestação vai decorrer nesta sexta-feira, à porta da escola de artes visuais e audiovisuais.
Reivindicam, entre outras questões, a falta de recursos disponibilizados pelo estabelecimento de ensino, nomeadamente de material específico para a realização dos trabalhos que, garante Afonso Rocha, estudante desta escola e um dos responsáveis pela organização do protesto, “é extremamente caro e é difícil de incluir em orçamentos familiares muitas vezes já reduzidos”, acrescentando que, desta forma as disparidades financeiras vão “condicionar a qualidade dos trabalhos e gerar descriminação social”.
Os alunos lamentam ainda que não haja nenhuma comparticipação que os ajude a pagar os transportes que utilizam, diariamente, para irem às aulas, o que, dizem, compromete o seu desempenho, sobretudo no caso dos alunos que vivem fora do Porto. Esta é a única escola pública exclusivamente de ensino artístico na zona Norte.
A manifestação pretende mostrar ainda o desagrado em relação à desvalorização das provas de aptidão artística e aos exames que foram criados e que, segundo os alunos, são desnecessários. Os alunos do ensino artístico que frequentam a Soares dos Reis candidatam-se como alunos autopropostos aos exames nacionais de Português e Filosofia, o que faz com que a nota dos exames não seja ponderada com a nota final de frequência nestas disciplinas, como acontece no ensino regular, mas sim com a nota final do curso, o que inclui todas as disciplinas frequentadas. Ao mesmo tempo, a aptidão artística é desvalorizada, com um peso de 2 em 10 da nota final. Consideram que, com a avaliação em vigor, os três anos de trabalhos ficam reduzidos a duas horas de exame, com Afonso Rocha a reivindicar uma “avaliação realmente contínua em que o acesso ao superior não seja condicionado por duas horas de exames que nem se adequam à especialização escolhida”.
Os estudantes temem que a arte seja banalizada com este modelo educativo e com as poucas apostas no ensino artístico público, factores que têm comprometido a sua aprendizagem.
José António Fundo, da direcção da escola, contrapõe que "são disponibilizados aos alunos muitos materiais específicos para executar os trabalhos, nomeadamente para as aulas práticas nas oficinas. A escola faz um grande esforço para reduzir ao máximo possível o investimento dos alunos em materiais consumíveis." Mas admite que a instituição "não tem muitos computadores que possam ser utilizados fora das aulas mas tem feito um esforço para rentabilizar as máquinas existentes e recuperar máquinas mais velhas."
Quanto aos títulos de transporte, adianta que a escola tem um grupo de coesão social que identifica alunos com dificuldades, que recolhe donativos e "angaria verbas de actividades que depois distribui na forma de materiais escolares e apoio aos transportes e refeições", tentando apoiar os casos mais graves.
No que toca aos exames, a direcção da escola lembra que esta é uma luta a que também se junta a António Arroio e lembra que a Procuradoria Geral da República já a reconheceu como uma batalha justa.
Jorge Ramos, da Associação de Estudantes, não participou no protesto e sublinha que a "Soares dos Reis tem boas condições para os alunos aprenderem". Mas admite que os materiais são dispendiosos, acrescentando, porém, que o grupo de coesão social dá toda a ajuda que pode nos casos mais problemáticos.
Já quanto aos exames, os estudantes são unânimes nas críticas: "O método de cálculo dos exames prejudica os alunos do ensino artístico, sendo injusto e inadmissível", diz o dirigente estudantil.
Texto editado por Ana Fernandes