Quercus quer que consumidores sejam esclarecidos sobre sacos de plástico
Ambientalistas defendem que faltaram campanhas a explicar os motivos ambientais da nova taxa dos sacos de plástico "leves".
"Temos estado a verificar que, para já, os portugueses não estão a reagir bem, não estão a encarar o taxamento dos sacos como uma medida ambiental, mas sim como uma forma que o Governo arranjou de ir buscar mais verba", disse Carmen Lima da associação de defesa do ambiente. Para os ambientalistas, "faltou um período de transição para apostar nas campanhas de sensibilização ambiental para que as pessoas percebam qual é o verdadeiro problema do mau uso dos sacos de plástico", uma posição partilhada por outras entidades.
Inserida na Fiscalidade Verde, a lei elaborada pelo Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia estabelece que todos os sacos plásticos "leves" passem a estar sujeitos a uma contribuição de oito cêntimos, acrescidos de IVA (imposto sobre valor acrescentado), ou seja 10 cêntimos no total, que será cobrado aos consumidores a partir de domingo.
Carmen Lima lembrou a libertação dos sacos no ambiente, no mar e nos solos, e a entrada na cadeia alimentar, que terá efeitos prejudiciais na saúde. "A partir do momento em que as pessoas percebem que há um problema ambiental e de saúde associado ao uso excessivo de sacos de plástico, porque não vão parar ao sítio certo, percebem que esta medida acabará por ter um objectivo ambiental muito forte e, por isso, acabam por a aceitar de uma forma mais fácil", defendeu.
Assim, "é esta aposta na explicação e na sensibilização ambiental que tem estado a faltar a esta solução", através de campanhas de informação dirigidas aos consumidores, acrescentou a técnica. A Quercus tem sido contactada por várias pessoas que põem a medida em questão, mas quando é explicada a razão do aparecimento da taxa, "acabam por aceitar mais facilmente que o saco não lhes seja oferecido".
Carmen Lima fez questão de explicar que "não há uma luta contra os sacos de plástico, mas sim contra o mau uso dos sacos de plástico e depois o encaminhamento para um destino inadequado, que devia ser a reciclagem e não o ambiente", recordando que 97% do lixo encontrado na costa portuguesa é plástico. Os ambientalistas realçam ser "inevitável que, a partir do momento em que se deixa de oferecer sacos, as pessoas reduzam o uso e os reutilizem muito mais".
Outras entidades partilham a posição da Quercus na defesa de um melhor esclarecimento dos portugueses acerca da aplicação da taxa e de um período de transição de um ano para a adaptação à nova regra.
A Sociedade Ponto Verde (SVP), que gere a recolha de resíduos de embalagem, onde se inclui o plástico, é uma delas e o seu director-geral, Luís Veiga Martins, disse à agência Lusa que seria necessário "um maior período de transição para que a medida fosse correctamente implementada e toda a cadeia de valor se adaptasse. Luís Veiga Martins referiu ainda a questão "de garantir que esta taxa não traz desmotivação para continuar a seleccionar o lixo, que não haverá um recuo" e lembrou que os sacos de plástico usados são utilizados para colocar o lixo separadamente, nos ecopontos.