IGAI abre inquérito à actuação da PSP na Cova da Moura
Moradores revoltados com o que dizem ser o uso excessivo da força ponderam manifestação frente ao Parlamento.
Cinco jovens detidos por alegadamente terem invadido uma esquadra da PSP na quinta-feira após uma intervenção policial na Cova da Moura avançaram com uma queixa-crime por tortura no Ministério Público da Amadora. Os jovens foram ouvidos este sábado por uma juíza que, apesar de o Ministério Público ter pedido a prisão preventiva dos cinco, determinou para todos a medida de coacção menos gravosa: o simples Termo de Identidade e Residência.
O dirigente do SOS Racismo, Mamadou Ba, que exigiu este sábado a intervenção da IGAI, congratula-se com a abertura do inquérito, mas considera que “já não era sem tempo”. Mamadou Ba diz esperar que a actuação da IGAI “seja consequente” e insiste que a gravidade do caso exige uma responsabilização criminal dos agentes envolvidos. “É um assunto que tem que passar pelo Ministério Público”, sustenta.
Mamadou Ba conta ter estado este domingo na Cova da Moura a visitar os jovens que foram libertados este sábado e refere que presenciou uma assembleia informal de moradores onde as pessoas do bairro se mostraram “revoltadíssimas”. O dirigente diz que a população está a ponderar a convocação de uma manifestação junto à Assembleia da República. “As pessoas querem usar os meios legais como pressão para que se faça justiça neste caso”, conclui.
Os incidentes de quinta-feira ao início da tarde no bairro terão começado com a detenção de um jovem que, na versão da PSP, terá atirado uma pedra a uma viatura policial. O dirigente do SOS Racismo apenas sabe que o rapaz, portador de uma deficiência motora, foi revistado e entrou numa altercação com os polícias, que, acrescenta, lhe começaram a bater. A PSP admitiu ter realizado disparos, mas não confirmou ter atingido uma mulher de 35 anos que se queixa de ter sido alvejada por duas balas de borracha quando se encontrava na varanda de casa. As versões voltam a divergir: a polícia diz que um grupo invadiu a esquadra de Alfragide, enquanto os jovens garantem que foram à PSP apenas para saber do rapaz detido e apresentar queixa pelo uso excessivo da força. Quando chegaram, dizem, foram recebidos com tiros de borracha.