Alemanha é o país com mais apetite pelas frutas e legumes portugueses
Intenções de compra ultrapassaram, no geral, os 100 milhões de euros durante a maior feira do sector em Berlim, onde se sentiu a falta dos russos.
Manuel Évora, presidente da Portugal Fresh, diz que este país era um dos alvos identificados pela organização para desenvolver relações comerciais já que ainda tem pouco relevo nas exportações. “Temos uma exportação de 3% para o país que é o motor da economia da Europa e com consumidores com poder de compra. Estou extremamente satisfeito que a Alemanha tenha procurado os produtos portugueses”, disse, fazendo o balanço de três dias de feira.
Empresários dos Emirados Árabes Unidos e do Dubai também procuraram o stand português e “verificaram o poder” dos produtores. “Os grandes países da América Latina também procuraram as empresas, “admiradas” com o interesse de geografias que dão cartas na produção mundial de fruta, como a Colômbia.
Quanto a números, Manuel Évora diz que é cedo para fazer contas. Contudo, acredita que para a Alemanha, e tendo em conta os contactos feitos, o volume de vendas deverá triplicar.
Contando com as intenções de negócio, que podem não se concretizar, as empresas portuguesas terão conseguido encomendas na ordem dos 100 milhões de euros, de acordo com a Lusa. O embaixador de Portugal da Alemanha, Luís de Almeida Sampayo, admite que a “expectativa é grande”. “Do que tenho ouvido, o balanço é muito positivo. Esta é a maior plataforma do mundo de frutas e legumes”, disse, acrescentando que, no final, as empresas vão ficar satisfeitas com as contas.
Saudades dos russos
Carlos Marques, administrador da Horta Pronta, diz que esta foi uma oportunidade para rever clientes e fazer alguns contactos. A organização de produtores da Atouguia da Baleia vende legumes para países europeus, como a Alemanha e a Holanda, e veio com o propósito de conseguir escoar a produção de couves (que este ano aumentou) e “prevenir o futuro”, garantindo a venda de hortícolas quando há excesso.
A Campotec, que participa na feira há 20 anos, não dá prioridade à conquista de novos mercados. “Viemos para rever os nossos clientes, perceber que inovações há, falar da campanha”, diz Sofia Comporta, responsável pela área das exportações. Houve mais alemães interessados no espaço ocupado por Portugal, mas do que se sentiu mais falta foi da presença massiva dos russos. “Nota-se muita falta dos russos. Costumavam ter uma presença muito forte”, disse.
Desde que, a 7 de Agosto, a Rússia cortou as importações de fruta e vegetais (além de outros produtos como a carne de porco ou o leite), os produtores europeus têm tentado diversificar mercados e procuram canais alternativos para vender, nomeadamente, pêra rocha. O país de Vladimir Putin é o segundo maior comprador de produtos agrícolas da União Europeia e 73% dos bens embargados eram fornecidos pelos Estados-membros da União Europeia, Portugal incluído. Os “danos colaterais”, como diz Sofia Comporta, foram mais graves do que a perda de um cliente, que não era tão determinante para a produção nacional. Seis meses depois do início do embargo, os preços dos produtos frescos continuam baixos devido ao aumento da oferta.
Entre frutas e legumes, Portugal exportava oito mil toneladas para aquele país.
A jornalista viajou a convite da Portugal Fresh